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Projeto de Lei

Governo vai enviar ao Congresso projeto de lei para regular trabalho por aplicativo

Empresas e trabalhadores não entraram em consenso sobre modelo de regulação; MTE prepara texto para apresentar ao presidente

A decisão acontece após 150 dias da criação do Grupo de Trabalho liderado pelo MTE para tratar do tema.A decisão acontece após 150 dias da criação do Grupo de Trabalho liderado pelo MTE para tratar do tema. - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Em meio ao impasse entre trabalhadores e plataformas, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) decidiu formular um Projeto de Lei para tratar da regulação do trabalho por aplicativo. O texto será apresentado ao presidente Lula antes de ser enviado para o Congresso.

Em agenda nesta sexta-feira na África do Sul, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, tratou do tema. Durante encontro com ministros do Trabalho do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Marinho citou o objetivo do governo em dar "dignidade" à categoria:

— Após um amplo processo de discussão tripartite, pretendemos encaminhar uma proposta ao Congresso brasileiro em breve. Podemos afirmar que, no Brasil, o trabalho de plataforma terá regras mais claras após um intenso exercício de diálogo social.

A decisão acontece após 150 dias da criação do Grupo de Trabalho liderado pelo MTE para tratar do tema. Criado por decreto em 1º de maio, o GT reuniu empresas de aplicativo, entregadores, motoristas e representantes do governo que se reuniram em Brasília ao longo dos últimos meses para chegar a uma proposta comum.

Em nota enviada ao Globo, o MTE afirmou que "não há decisão de prorrogação das atividades do Grupo de Trabalho". A pasta informou que reportará à Presidência da República o resultado das últimas reuniões.

O objetivo do governo era que o grupo entrasse em acordo até este mês, o que não aconteceu, diante do impasse entre trabalhadores e empresas para a definição de uma remuneração mínima. O valor do repasse e o modelo de cálculo são as principais divergências entre plataformas, motoristas e entregadores.

Impasse sobre remuneração
Sindicatos e associações de entregadores de app reivindicam o formato de remuneração mínima. Eles pedem que os cálculos sejam feito com base no tempo logado no aplicativo, e não no tempo efetivamente gasto em entregas ou corridas, como querem as empresas.

— Os trabalhadores querem que governo, empresas de aplicativos e população saibam que a vontade dos trabalhadores, que arriscam a vida todos os dias nessa profissão de risco, é pela hora trabalhada — afirmou o presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil, Edgar Francisco da Silva.

Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, que reúne grandes empresas, como iFood e Uber, informou que as empresas associadas "mantêm abertos seus canais de diálogo" com motoristas e entregadores. "Reforçamos nosso interesse em continuar colaborando para a construção de um modelo regulatório equilibrado", acrescenta o texto.

Durante o Grupo de Trabalho, as plataformas representadas pela Associação apresentaram proposta com repasse mínimo de R$ 6,54 para entregadores que usam bicicleta; R$ 12 para motociclistas; e R$ 21,22 para motoristas de transporte. O texto deixa claro que o cálculo seria sobre "por hora efetiva e comprovadamente trabalhada".

Já os sindicatos reivindicam que o cálculo leve em consideração também o tempo em que os trabalhadores ficam logados nos aplicativos, entre as corridas e as entregas. Os valores pedidos também são maiores: de R$ 35,76 para trabalhadores de moto e de R$ 29,63 para quem opera por bicicleta.

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