Greve de tripulantes provoca atrasos em voos na manhã desta segunda-feira (19)
Em Congonhas, apesar da paralisação, não há filas
Os pilotos e comissários da aviação comercial entraram em greve nesta segunda-feira (19), com a paralisação de atividades de parte da categoria em aeroportos de oito cidades brasileiras. No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, eram seis os voos atrasados a destinos para Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e a Belo Horizonte, Brasília, Vitória e Recife.
A paralisação ocorre em aeródromos de São Paulo, Guarulhos, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza das 6h às 8h, mas por decisão cautelar (provisória) do Tribunal Superior do Trabalho (TST) proferida na última sexta-feira (16), 90% dos trabalhadores precisarão manter suas funções no período de greve. A multa diária em caso de descumprimento é de R$ 200 mil.
Em Congonhas, por volta das 7h, havia quatro voos com atrasos: os voos 4032 e 4106 da Azul com destino ao aeroporto de Santos Dumont e a Belo Horizonte, respectivamente; o 1444 e o 1300 da Gol com destino a Brasília e Belo Horizonte, respectivamente. Antes disso, atrasaram voos tambéma Vitória e Recife. Não havia filas nem tumulto nas áreas de check-in. No saguão do aeroporto, um grupo de tripulantes protestava a favor das reivindicações da categoria.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que os representa, reivindica a reposição salarial pelo INPC e mais 5% de aumento real.
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O TST media as negociações da campanha salarial da categoria, cuja data-base é dezembro. As conversas, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNE), tiveram início em outubro. De lá para cá, foram apresentadas três propostas das empresas, todas recusadas pela categoria. A mais recente delas propunha a reposição foi votada no último domingo e prometia reposição inflacionária e mais 0,5% de aumento real. O texto foi rejeitado por 76,43% da categoria.
Atualmente, o piso salarial de um comissário de voo é de R$ 2.277,43. Já o de um piloto de avião comercial é de R$ 9.400.
Além do reajuste salarial, o SNA pede que sejam respeitados os dias de folga dos tripulantes.
"A maneira pela qual a greve foi organizada respeita a decisão do TST. A operação está mantida e todos os tripulantes estão em serviço neste momento. A categoria passou por perdas nos últimos dois anos em meio à pandemia enquanto as empresas aéreas já têm números superiores aos de 2019, com querosene subsidiado pelos governos, e aumentaram o preço das passagens" diz Henrique Hacklaender, presidente do sindicato.
Ele diz que, embora a reivindicação de aumento salarial esteja em 5%, a categoria “espera algum tipo de composição (negociação)” com as linhas aéreas. Para ele, o respeito às folgas, por outro lado, é imprescindível.
"Os tripulantes muitas vezes não têm o horário das suas folgas definido e, quando têm, essas folgas são alteradas com frequência. Ninguém quer ver o tripulante operando cansado e mal remunerado. Na última proposta, as empresas incluíram uma cláusula sobre venda de folgas, na contramão do que queremos" afirma ele.
A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informa que, devido à paralisação dos aeronautas na manhã desta segunda-feira (19/12), 10 voos estão atrasados e nenhum foi cancelado até o momento. A concessionária orienta os passageiros a procurar as companhias aéreas para saber o status dos voos.
No Galeão, foram três voos atrasados até pouco antes das 8h, com destino a Recife, Fortaleza e Porto Seguro, todos da Gol.
Impactos pontuais
Em nota encaminhada à reportagem, a LATAM informou que a paralisação gerou "apenas alguns impactos pontuais em alguns voos" ao longo das primeiras horas desta segunda-feira.
"Os passageiros com voos afetados pela greve desta segunda-feira poderão remarcar gratuitamente os seus voos ou, em caso de desistência, solicitar o reembolso dos seus bilhetes. Em paralelo, passageiros afetados por atrasos receberão todas as assistências materiais previstas pela legislação em vigor", informou a companhia aérea.
A Azul não comentou sobre a paralisação. A Gol ainda não retornou os pedidos da reportagem.