NEGÓCIOS

GT busca opções para reduzir juro do cartão de crédito ainda este ano, diz presidente do Bradesco

Octávio de Lazari afirmou que ciclo de queda da Selic, juros básicos da economia, ajuda na queda da taxa do rotativo

Octavio de Lazari, presidente do BradescoOctavio de Lazari, presidente do Bradesco - Foto: Reprodução / Youtube

Um grupo de trabalho formado pelos bancos, ministério da Fazenda, Banco Central e varejo está estudando alternativas para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito que, anualizados, chegam a 450%.

A informação é do presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, que observa que o início do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) ajuda na baixa das taxas do cartão de crédito. Ele disse que o movimento de queda da Selic já "está contratado".

— É um assunto difícil e complexo (o juro do rotativo do cartão) e está em discussão. Não há uma solução simples. Por isso, um grupo de trabalho foi constituído para buscar boas alternativas. Não vai ser a alternativa ótima, mas será um processo gradual de redução dos juros do rotativo — afirmou Lazari durante teleconferência de apresentação dos resultados do Bradesco no segundo trimestre do ano.

Lazari afirmou que há muitos atores envolvidos nessa cadeia, por isso a complexidade do tema. Além dos bancos, há as bandeiras dos cartões, adquirentes, varejo e clientes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se encontrou com banqueiros, na última segunda-feira, para tentar buscar alternativas para reduzir o juro do cartão de crédito, uma alternativa de crédito fácil muito usada pelos brasileiros.

O presidente do Bradesco disse que a taxa anualizada de 450% nos cartões de crédito nunca é cobrada, já que após 30 dias no rotativo os bancos são obrigados a renegociar a dívida e oferecer outras modalidades de empréstimos, com juros menores. Ele disse que, em média, as pessoas ficam no rotativo do cartão por 18 dias.
 

Lazari afirmou que estabelecer um teto para o juro do rotativo não é a solução ideal, porque isso pode causar distorções no mercado. Ele disse que o grupo de trabalho deverá propor alternativas de redução em 90 dias e que elas serão implementadas gradualmente a partir deste ano e do próximo.

O presidente do Bradesco afirmou que o ciclo contratado de queda de juros ajuda nesse movimento, além de melhorar as expectativas das empresas e das pessoas, que têm melhores condições de pagamento. Segundo ele, há mais disposição das companhias em tomar crédito, além de haver redução da inadimplência.

Ele disse que o Braesco está avaliando reduções em todas as linhas de crédito do banco após a decisão do BC de reduzir juros. Apenas bancos públicos, como a Caixa e o Banco do brasil, anunciaram redução de juros em seus linhas de crédito após a queda da Selic.

— A redução dos juros traz novo ânimo. E me parece que o ciclo de queda de juros está contratado em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, podendo até ser maior, segundo os economistas. O trabalho técnico do Banco Central para conter a inflação foi excelente — afirmou Lazari.

Mesmo com a perspectiva de redução da Selic, o Bradesco reduziu suas expectativas para o crescimento do crédito este ano. O banco previa alta entre 6,5% e 9,5%, mas agora estima que o crescimento ficará entre 1% e 5%. Lazari observa que a inadimplência pode ter chegado ao seu pico e tende a cair no segundo semestre.

Resultado caiu 35% na comparação anual
O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 4,5 bilhões no segundo trimestre de 2023, uma alta de 5,6% em relaçaõ ao primeiro trimestre e queda de 35,8% em relação a igual período do ano passado. O resultado ficou dentro das estimativas do mercado.

Os analistas do setor financeiro da XP, Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre avaliam que os resultados do banco devem apresentar uma curva de melhoria, mas o ponto de inflexão um pouco mais distante, dadas algumas incertezas, incluindo a elevada inadimplência e o baixo crescimento da carteira de crédito, que se traduzem em baixos níveis de rentabilidade.

Eles lembram que a carteira de crédito do Bradesco cresceu 1,6% no trimestre, na comparação anual, abaixo das estimativas divulgadas no início do ano. Por isso, o Bradesco revisou para baixo suas estimativas de crédito.

"Ainda assim, o ritmo atual está próximo ao limite inferior do novo guidance divulgado para o ano. Ainda não observamos um grande alívio na inadimplência, uma vez que o banco está consideravelmente exposto a linhas de crédito de baixa qualidade. Para o futuro, uma melhora gradual no ambiente macroeconômico no segundo semestre poderá ser útil", escreveram os analistas em nota ao mercado.

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