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Guedes defende vender ações da Petrobras e usar dinheiro no combate à pobreza

Ministro viajou para a capital americana para participar da reunião anual do FMI e de outros eventos

Plataforma de petróleo da PetrobrasPlataforma de petróleo da Petrobras - Foto: Agência Petrobras

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que vender ações da Petrobras e usar o ganho para custear programas sociais pode ser uma alternativa para a privatização completa da empresa.

"Quando o preço dos combustíveis sobe, os mais frágeis estão com dificuldade. Imagine então se eu vender um pouco das ações da Petrobras e der pra eles esses recursos? Não faz sentido o país ficar mais rico e o pobre ficar mais pobre", disse Guedes, em conversa com jornalistas em Washington nesta quarta-feira (13).

O ministro viajou para a capital americana para participar da reunião anual do FMI e de outros eventos, como um encontro de ministros da economia do G20.

"Vamos levar a Petrobras para o novo mercado? Hoje o governo controla a Petrobras com ações ordinárias. Se você falar que vai para o novo mercado, os cálculos são que a Petrobras pode ganhar entre [R$] 100 [bilhões] e [R$] 150 bilhões de valor adicional", afirmou.

O novo mercado é o segmento da Bolsa para empresas com boas práticas de governança corporativa. Nesse segmento, as empresas operam apenas com ações ordinárias, que dão direito a voto. Normalmente as companhias têm tanto as ordinárias quanto as ações preferenciais, sem direito a voto.

Guedes disse ainda que, se o preço do petróleo está subindo, a Petrobras também sobe de valor. "E pode subir mais ainda se eu falar que eu vou privatizar, abrir mão do controle", afirmou. Ele defendeu a criação de uma corporation, "a mesma ideia usada na Eletrobras", que precisou ser capitalizada.

"No caso da Petrobras, ela [a ação] pode subir porque você vai para o novo mercado. Vai acabar essa diferença entre [ações] ordinárias e preferenciais. Então o governo, que tem hoje o controle, ele pode continuar com a golden share, qualquer coisa assim, mas na hora em que as ações ficarem todas da mesma qualidade, o mercado vai aplicar um múltiplo de empresa privada, e vai valer muito mais", avalia o ministro.

"Aí, toda vez que o combustível subir, você tem ações da Petrobras valendo mais, você vende um pouquinho e deixa as pessoas mais pobres comprarem gás natural. Ai quando os preços do gás e do petróleo subirem, uma parte dessa riqueza que o Brasil tem vai para os mais pobres", completou.

Guedes ressaltou que defende a privatização de todas as estatais, incluindo a Petrobras, e que esse dinheiro seja usado para transferir riquezas aos mais pobres. "Capitalismo popular, de Margaret Thatcher".

O ministro também sugeriu a ideia de criar um fundo de combate à pobreza a partir dos lucros com ações de estatais como Petrobras e Caixa Seguridade.

Na conversa, o ministro ainda comentou que a adesão do Brasil ao acordo internacional para criar um imposto mínimo a grandes corporações pode ajudar o país no processo de entrada na OCDE (Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico), uma das metas do governo brasileiro. Guedes se reuniu nesta quarta com o secretário-geral da entidade, Mathias Cormann.

A proposta de um imposto mínimo global para multinacionais foi aprovada de forma preliminar pelo G20 em julho. Na sexta-feira (8), a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) anunciou um acordo reunindo 136 países -incluindo o Brasil- em torno da proposta. Paquistão, Sri Lanka, Quênia e Nigéria não concordaram em aderir.

Pelo novo acordo, que ainda precisa ser assinado, uma alíquota mínima de 15% será aplicada a multinacionais com faturamento anual acima de 20 bilhões de euros (R$ 128 bilhões) e margem de lucro superior a 10%. A expectativa da OCDE é que isso gere arrecadação anual de US$ 150 bilhões (R$ 830 bilhões), e que a medida entre em vigor em 2023.

Guedes avalia que a medida poderá trazer mais recursos aos cofres públicos brasileiros, mas não estimou uma cifra. Ele disse que a política também pode estimular o Brasil a reduzir sua tarifação a grandes empresas, hoje em torno de 34%, para valores mais próximos aos praticados nos demais países da OCDE.

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