Guedes diz que não há descontrole da inflação e que, com índice de 8%, Brasil está 'no jogo'
De acordo com o ministro, a proposta de parcelar o pagamento dessas dívidas tem apoio de ministros do STF
O ministro Paulo Guedes (Economia) disse nesta segunda-feira (23) que não há descontrole da inflação no país.
Estimativas de analistas do mercado financeiro, divulgadas pelo Banco Central, apontam que o IPCA (índice oficial de inflação) deverá superar 7% neste ano.
Em evento virtual com empresas do varejo brasileiro, Guedes disse que, quando a inflação "sobe um pouco", há afirmações de que os preços estão se elevando de forma descontrolada.
"Não há descontrole. A inflação está subindo no mundo inteiro", afirmou. O ministro citou que a inflação nos Estados Unidos deve ser de aproximadamente 7%. "A nossa ser 7% ou 8% também; estamos dentro do jogo", completou.
Guedes declarou que o Banco Central vai atuar para enfrentar a inflação. "Temos que ter confiança nas nossas instituições."
Ele voltou a dizer que há uma disputa política no país, mas que, em relação aos fundamentos econômicos, há avanços.
"É verdade que tem mais inflação, mas também tem mais crescimento, então tem mais arrecadação e menos déficit, porque nós estamos controlando as despesas. Então não vamos cair na tentação de transformar essa politização, antecipando as eleições, num diagnóstico de que o Brasil tem um colapso econômico, porque não é verdade", afirmou o ministro.
Guedes voltou a chamar o aumento das despesas com precatórios (dívidas reconhecidas na Justiça) de "meteoro".
Segundo ele, a proposta de parcelar o pagamento dessas dívidas tem apoio de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), pois a medida não é uma inovação. "Não inventamos nada", disse o ministro, citando que estados e municípios já podem parcelar precatórios.
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O governo enviou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) pedindo o parcelamento das dívidas já em 2022. O forte aumento dessas despesas pressiona o Orçamento e o cumprimento do teto de gastos -regra que limita o crescimento das despesas à inflação- no próximo ano.
"Ou eu violo o teto, ou eu parcelo precatório, ou eu faço um pouco dos dois, mas na verdade eu preciso de uma PEC que nos ajude a transitar por esse problema. É um problema de equacionamento relativamente simples", declarou.
Na apresentação durante o evento virtual, Guedes disse acreditar que o Senado irá se alinhar à pauta econômica do governo.
Para ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a Câmara apoiam as reformas econômicas.
"O Senado também tem um papel decisivo nessas reformas, mas está cumprindo outra agenda, que é a da Covid, a da CPI. Em algum momento, vai se engajar nessa agenda das reformas. Tenho certeza que o Senado virá conosco", afirmou o ministro da Economia.