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INFLAÇÃO

Guedes: inflação não será transitória e bancos centrais estão dormindo no ponto

Guedes acredita que os choques de oferta vão diminuir gradualmente, o que pode diminuir a pressão nos preços

Ministro da economia, Paulo GuedesMinistro da economia, Paulo Guedes - Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, alertou sobre o risco da inflação não ser transitória e cobrou atenção dos bancos centrais para esse problema que deve persistir ao longo de 2022.

"Meu medo é que a fera esteja fora da caixa. Eu não acho que a inflação será transitória, de modo algum", afirmou durante evento do Fórum Econômico Mundial.

Guedes acredita que os choques de oferta vão diminuir gradualmente, o que pode diminuir a pressão nos preços, mas demonstrou preocupação com a expansão da demanda. Por isso, há risco de efeito persistente da inflação, que precisa estar no radar da política monetária:

"Eu acho que os Bancos Centrais estão dormindo no ponto. Eles precisam ficar atentos e eu acho que a inflação será um problema, um problema real, em breve para o mundo ocidental."

Em relação ao Brasil, o ministro ponderou que a despeito de trágicas experiências com inflação, o país já se movimentou rapidamente. O Banco Central vem, desde o ano passado, elevando a taxa básica de juros para conter a escalada dos preços.
 

Guedes ainda comentou a respeito do avanço da nova variante da Covid-19. Ele disse que há uma preocupação com a ômicron, mas que o Brasil avançou bem na vacinação em massa e que está preparado para colocar em prática os protocolos de sucesso que já foram adotados no auge da crise caso venha uma nova onda da doença.

Ele destacou as ações de preservação dos empregos formais (o programa BEm, encerrado no ano passado), os programas de crédito e o auxílio emergencial, que promoveu transferência de renda para famílias vulneráveis e trabalhadores informais.

O ministro também disse que o país está preparado para continuar com a vacinação e lembrou que passará a produzir vacina, já que tem acordo com laboratórios, como a Pfizer.

"Vamos produzir localmente e exportar a vacina para os nossos vizinhos", afirmou.

Guedes ainda elogiou trechos das falas de Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), e Christine Lagarde, presidente do banco central europeu.

O elogio ao FMI provocou um comentário do moderador do debate, Geoff Cutmore, âncora do canal americano CNBC, que afirmou acreditar que Guedes estava estendendo “um ramo de oliveira”, em uma oferta de paz, ao FMI.

Ele foi interpelado por Georgieva, que disse, aos risos, “nós nos amamos”, enquanto fazia um gesto de coração com as mãos. Guedes não comentou a brincadeira.

Há uma crise entre o governo brasileiro e o FMI. Em dezembro, Guedes defendeu o fim da representação permanente da instituição multilateral em Brasília, o que foi confirmada pela direção do FMI logo depois.

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