Qui, 06 de Novembro

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Guerra comercial de Trump fará mundo crescer menos e ter mais inflação, alerta OCDE

Organização reduz previsão para expansão do PIB global em 2025 para 3%. Redução na estimativa para o Brasil é ainda maior e, agora, expectativa é de crescimento brasileiro de só 2,1% em 2025 e 1,4% em 2026

Contêineres no porto de Lianyungang, na China: comércio global será afetado por tarifas de Trump Contêineres no porto de Lianyungang, na China: comércio global será afetado por tarifas de Trump  - Foto: AFP

As políticas comerciais agressivas do presidente dos EUA, Donald Trump, colocaram abruptamente o mundo em um caminho de crescimento mais lento e inflação mais alta, o que pode piorar significativamente se as tensões aumentarem, disse a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O grupo que tem sede em Paris e reúne 38 das economias mais avançadas do mundo, reduziu suas previsões de crescimento econômico para a maioria dos membros e previu que o ritmo de expansão global desacelerará para 3,1% neste ano e 3% em 2026, à medida que barreiras restringem o comércio e a crescente incerteza freia os investimentos empresariais e os gastos dos consumidores.

Para o Brasil, a OCDE reduziu ainda mais suas projeções e agora vê uma expansão de só 2,1% do PIB brasileiro em 2025 (contra 2,7% previstos em dezembro) e de 1,4% em 2026 (antes a estimativa era de 1,9%.

 

Os países mais expostos à guerra comercial devem enfrentar desacelerações ainda mais acentuadas, com o crescimento do Canadá caindo para 0,7%, menos da metade da previsão feita pela OCDE em dezembro, o México entrando em recessão (-1,3%) e a expansão anual dos EUA encolhendo para 1,6% no próximo ano — o nível mais fraco desde 2011, exceto pelo impacto inicial da pandemia em 2020.

O aumento dos custos do comércio também impulsionará uma inflação mais forte do que o esperado, exigindo que os bancos centrais mantenham políticas restritivas por mais tempo, disse a OCDE. Em muitos países, incluindo os EUA, o aumento dos preços básicos permanecerá acima das metas estabelecidas pelos governos locais ao longo deste ano e em 2026.

O relatório divulgado nesta segunda-feira pela OCDE é o panorama mais abrangente já feito por uma organização internacional de quantificar os estragos da guerra comercial de Trump. Apesar de o republicano ter reiteradamente ameaçado iniciar uma escalada tarifária durante a corrida eleitoral, a volatilidade e a magnitude de suas ameaças pegaram de surpresa analistas e investidores.

Na semana passada, as ações dos EUA entraram em forte correção, com o S&P 500, índice mais usado nos fundos de investimento da classe média americana, despencando 10% em relação ao pico registrado em meados de fevereiro. Quando perguntado sobre o risco de uma recessão, Trump reconheceu que o país enfrenta “um período de transição” devido à sua tentativa de reconfigurar radicalmente o comércio global, mas minimizou a turbulência nos mercados.

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