Guerra dos chips: EUA derruba ações na China. "Sem chances de reconciliação", diz analista
Medidas foram as mais abrangentes já adotadas pelo governo americano e podem afetar semicondutores usados de carros a celulares
A decisão do governo americano, anunciada na última sexta-feira (7), de restringir ainda mais o comércio entre empresas dos EUA e fabricantes de semicondutores chineses foi a mais dura medida tomada até agora no que analistas já apelidaram de “guerra dos chips”.
A indústria dos chips, que movimenta US$ 550 bilhões por ano, é crucial para os mais diversos setores da economia, desde a fabricação de carros e celulares até as tecnologias de inteligência artificial, vigilância e espionagem.
Os dois países estão agora oficialmente em “guerra econômica”, afirmou Dylan Patel, analista chefe da SemiAnalysis. Gu Wenjun, chefe de pesquisas em chip da ICWise, avalia que agora “não há mais possibilidade de reconciliação”:
Os EUA estão determinados a usar os chips como uma arma para conter a China”, escreveu o analista chinês num comentário na internet.
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As restrições são um duro golpe aos esforços de Pequim de criar uma indústria de ponta de semicondutores para rivalizar com a tecnologia americana.
O impacto das medidas pode ir muito além da produção de chips em si, afetando indústrias tão diversas como computação de alta performance, carros elétricos e até produtos do cotidiano, como smartphones.
Nesta segunda-feira (10), as ações das maiores empresas de semicondutores da China desabaram nas bolsas locais, com perdas de US$ 8,6 bilhões.
A decisão do Departamento de Comércio dos EUA foi descrita em mais de 135 páginas e abrange uma série de medidas.
"É um sinal claro sobre a política americana para a China: uma postura muito agressiva agora está consolidada" afirma Dan Wang, analista de tecnologia na Gavekal Dragonomics.
As autoridades americanas afirmam que as novas restrições são necessárias para impedir a China de se tornar uma ameaça econômica e militar.
"A China destinou uma enorme quantidade de recursos para desenvolver a supercomputação e quer se tornar líder em inteligência artificial até 2030. E está usando essa capacidade para monitorar, rastrear e vigiar seus próprios cidadãos, além de modernizar a indústria militar" afirmou a secretária assistente a Administração para Exportações do Departamento de Comércio dos EUA, Thea D. Rozman Kendler.
A reação na China foi vigorosa. O jornal chinês Global Times - veículo que é publicado em inglês e é considerado por analistas um canal para o Partido Comunista Chinês expressar suas opiniões - alertou que “o ataque selvagem ao livre comércio” teria consequências terríveis para os EUA.
“Só arrogantes e ignorantes podem acreditar genuinamente que os Estados Unidos poderão bloquear o desenvolvimento de semicondutores chineses e de outras indústrias tecnológicas por estes meios ilegítimos”, disse o jornal em editorial.