Economia mundial

Guerra na Ucrânia causa reação em cadeia na economia global, alerta Banco Mundial

"A maioria dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento estão mal preparadas para lidar com o próximo choque da dívida", afirmou a instituição

Sede do Banco Mundial, em Washington (EUA)Sede do Banco Mundial, em Washington (EUA) - Foto: Daniel Slim/AFP

A guerra da Rússia contra a Ucrânia promoveu uma reação em cadeia na economia mundial, como o aumento dos preços da energia e dos alimentos, que agravará a pobreza, a fome e o endividamento, informou, nesta terça-feira (12), o presidente do Banco Mundial

Diante dessas "crises sobrepostas", David Malpass pediu para os países mais desenvolvidos manter os mercados abertos e reverter as políticas que concentram riqueza. 

A guerra explodiu justo quando a economia mundial tentava se recuperar da pandemia de Covid-19 e os novos confinamentos na China aumentam as incertezas sobre a situação, declarou o presidente da instituição durante um discurso na capital da Polônia, Varsóvia. 

"Nunca antes, tantos países experimentaram uma recessão ao mesmo tempo, sofrendo a perda de capital, do emprego e dos meios de vida. Ao mesmo tempo, a inflação continua acelerando", afirmou Malpass durante uma coletiva na Escola de Economia de Varsóvia, transmitida virtualmente. 

Malpassa deu essas declarações antes das reuniões da próxima semana do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e voltou a se comprometer em ajudar a Ucrânia. 

As duas instituições mundiais ofereceram rapidamente ajuda ao país europeu e o Banco Mundial está mobilizando 3 bilhões de dólares em financiamento. 

Como parte deste programa, Malpass anunciou que o Banco obteve o apoio de doadores de 1 bilhão de dólares em financiamento sob o órgão de empréstimos em condições favoráveis, a Associação Internacional de Fomento (IDA-AID), assim como 100 milhões de dólares para a Moldávia. 

"A proposta será enviada à junta diretiva do Banco Mundial para sua aprovação", disse. 

Escassez repentina

Além da crise humanitária causada pela guerra, que gerou uma avalanche de quatro milhões de refugiados fugindo para países vizinhos como a Polônia, "restrições e interrupções no abastecimento alimentaram aumentos de preços e agravaram a desigualdade em todo o mundo". 

A Ucrânia é um grande produtor de grãos, enquanto a Rússia produz energia e fertilizantes, e a guerra "cria uma súbita escassez de energia, fertilizantes e alimentos, colocando as pessoas umas contra as outras e contra seus governos", disse.

Uma "seca intensa" na América do Sul piora a situação alimentar e muitos países sofrem uma "crise dos preços dos alimentos". 

"Para cada aumento de um ponto percentual nos preços dos alimentos, 10 milhões de pessoas devem cair na pobreza extrema", apontou, alertando que a "desnutrição" aumentará.

"Um indicador dessa pressão alimentar é visível quando a inflação dos preços dos alimentos excede a inflação em 4%", observou Malpass. 

"Por essa medida, 16% dos países em desenvolvimento já estão enfrentando uma crise de preços de alimentos, e o número aumentará ainda mais nos próximos meses", previu.

No Peru, manifestantes saíram às ruas para pedir ações do governo, assim como no Sri Lanka.

Malpass destacou o crescente fardo da dívida dos países em desenvolvimento, dizendo que o total "aumentou acentuadamente para um máximo de 50 anos". 

"A maioria dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento estão mal preparadas para lidar com o próximo choque da dívida", assegurou.

O chefe do Banco Mundial pediu aos países avançados que mantenham seus mercados abertos porque "a maioria das barreiras comerciais protege os privilegiados às custas do resto da sociedade, agravando a desigualdade".

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