Haddad avalia indicar seu braço-direito para diretoria do Banco Central
A dúvida na Fazenda é se o secretário executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, seria nomeado agora ou em dezembro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia indicar o seu principal auxiliar e secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, para uma das vagas abertas na diretoria do Banco Central. A dúvida hoje é se Galípolo será indicado agora, em uma das duas vagas que estão abertas, ou em dezembro, quando mais duas cadeiras ficarão vazias.
No plano de Haddad, colocar Galípolo neste ano no BC servirá como trampolim para que ele futuramente assuma o lugar do atual líder da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra em dezembro de 2024. O atual presidente do BC é alvo de críticas do presidente Lula e de outros integrantes do governo por manter altos os juros contra a inflação.
Não é a primeira vez que Galípolo é apontado como um possível sucessor de Campos Neto, mas, até agora, o nome dele não aparecia na lista de cotados para diretoria do BC que estão abertas neste momento. Mas surge agora nos bastidores, inclusive como um teste de sua aceitação no governo e no mercado.
Desde fevereiro, há duas vagas abertas: nas diretorias de Política Monetária e de Fiscalização. A primeira tem posição de destaque no debate sobre a taxa básica de juros durante as reuniões do Copom e também se relaciona com o mercado e com as operações de dólar.
Leia também
• Reajuste do mínimo vai impactar mais de 25% da população
• "Fiquei bastante preocupado", diz Haddad sobre taxa da Selic
• Após encontro com Lira, Haddad diz que "espinha dorsal" do arcabouço fiscal está alinhada
Em dezembro, serão abertas vagas nas diretorias de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Em todos os casos, os nomes são sabatinados e precisam ser aprovados pelo Senado.
Insatisfação de Lula
A possibilidade de indicação de Galípolo para o Banco Central vem da intensa insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Campos Neto e com a taxa de juros, em 13,75% ao ano. Haddad disse nesta quinta-feira que ficou preocupado com a decisão de ontem do BC, que manteve a taxa de juros no atual patamar.
Na quinta-feira (4), Lula voltou a criticar o BC e citou nominalmente Campos Neto para se queixar dos juros altos. Sozinho, porém, Galípolo não é capaz de mudar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). O colegiado é formado pelos oito diretores do BC mais seu presidente. As últimas decisões tomadas por eles têm sido unânimes.
Galípolo é o braço-direito de Haddad dentro da Fazenda, participando de todas as discussões estratégicas da pasta. Foi um dos nomes por trás do desenho do novo arcabouço fiscal.
Ele também tem interlocução com setores do PT desde a campanha eleitoral, quando apareceu ao lado da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR), em jantar com empresários. A deputada pede abertamente a saída de Campos Neto do BC.