Logo Folha de Pernambuco

Economia

Haddad encontra banqueiros em São Paulo e recebe apoio para buscar reequilíbrio fiscal

Encontro aconteceu em São Paulo e já estava agendado antes da turbulência no mercado financeiro

Ministro da Fazenda, Fernando HaddadMinistro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Numa semana de nervosismo do mercado financeiro, que cobra uma agenda de corte de gastos do governo para reequilibrar o quadro fiscal, o ministro da economia, Fernando Haddad, recebeu apoio dos principais banqueiros do país como fiador do reequilíbrio fiscal do país.

Segundo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, que falou com a imprensa após o encontro, os banqueiros veem em Haddad disposição para ajustar as contas do país.

— Aqui estivemos para reafirmar um apoio institucional ao ministro Fernando Haddad. Nós enxergamos nele um engajamento, toda uma determinação na busca do euqlíbrio fiscal. Além de tratarkkos sobre conjuntura econômica e os desafios do país, emprestamos ao ministro o apoio do setor bancário, que com um estoque de crédito de R$ 6 trilhões, financia a economia, o consumo, o investimento e produção — disse Sidney.

Este foi o quarto encontro entre Haddad e banqueiros, já estava agendado, mas aconteceu num cenário em que o mercado começa a desconfiar da força de Haddad no governo para avançar com medidas de corte de gastos. Sidney afirmou que a reunião não aconteceu por conta dos ruídos no mercado nesta semana.

Estiveram presentes Luiz Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco; André Esteves, sócio do BTG Pactual; Milton Maluhy, CEO do Itaú; Marcelo Noronha, presidente do Bradesco e Mário Leão, presidente do Santander.

Diálogo com governo e Congresso

Sidney afirmou que o compromisso do ministro para buscar o reequilíbrio das contas públicas precisa ser perseguido. Sidney afirmou que acredita o Haddad vai continuar trabalhando com firmeza para acertar as contas públicas e precisará do apoio do governo, do Congresso, do empresariado e da sociedade.

— Saímos convencidos de que o ministro está determinado a buscar o reequilíbrio das contas públicas, mas também de uma disposição firme dele para fazer o diálogo dentro do próprio governo, expandindo esse diálogo para o Congresso Nacional, que é poder fundamental nessa equação fiscal, e também na interlocução com o empresariado. Este é o único caminho que o Brasil tem — disse o presidente da Febraban.

Na quinta-feira, para tentar acalmar os agentes financeiros, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, prometeram apresentar um “cardápio” de medidas ao presidente Lula para reduzir as despesas do governo.

Haddad afirmou que o governo vai manter um ritmo mais intenso de trabalho sobre a agenda de gastos, fazendo uma revisão ampla de despesas. Depois da fala do ministro, o dólar recuou e fechou a R$ 5,36, numa sinalização de que os agentes veem Haddad como principal fiador da política econômica do governo.

Em entrevista ao GLOBO, Tebet mencionou, por exemplo, a a revisão da previdência dos militares como possibilidade de corte de gastos. Mas disse que 'tudo está na mesa', a não ser a valorização do salário mínimo e a desvinculação da aposentadoria (do salário mínimo).

— Vamos limpar, sob a ótica do que é viável politicamente, o que atenderia a vontade não só do presidente Lula, mas também do Congresso Nacional. Esse filtro a gente ainda não fez. Se eu ficar muito focada na desvinculação, dá a entender que é a primeira medida, e não é.

O Congresso se mostrou avesso a aumentar receitas e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu devolver ao Executivo parte da medida provisória (MP) que limita crédito de PIS/Cofins para empresas.

Já o presidente Lula afirmou durante discurso no Fórum de Investimentos Prioridade 2024, no Rio de Janeiro, que o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público.

Vazamento de informação

Na sexta-feira da semana passada, um encontro fechado entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o CEO do Santander Brasil, Mário Leão, e gestoras causou ruído no mercado financeiro, com impacto no dólar e nos juros futuros.

Depois de encerrar uma entrevista, o ministro Haddad chamou a imprensa novamente para criticar o que chamou de "vazamento de informação falsa".

— Houve uma reunião com pessoas do Santander aqui e teve um protocolo que foi quebrado. A condição era que não interpretassem o que eu falei. Me fizeram uma pergunta se havia contingenciamento este ano se algumas despesas obrigatórias crescessem para além do previsto e eu falei que sim. Falei que, se algumas despesas crescessem para além do previsto, haveria um contingenciamento de gastos, o que é absolutamente normal e aderente ao que prevê o arcabouço fiscal. Não entendi a intenção da pessoa que vazou uma informação falsa a respeito do que eu disse — afirmou o ministro.

Veja também

Usina Angra 1 obtém licença para operar por mais 20 anos
ENERGIA NUCLEAR

Usina Angra 1 obtém licença para operar por mais 20 anos

Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros, diz Fávaro, sobre decisão do Carrefour
CARNES DO MERCOSUL

Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros, diz Fávaro, sobre decisão do Carrefour

Newsletter