Haddad cita isenção do IR até R$ 5 mil e limitação de supersalários como prioridades do governo
Em reunião ministerial, o titular da Fazenda ainda citou resultados de políticas adotadas em 2023 e 2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, definiu 25 prioridades da agenda econômica para segunda metade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. E apresentou na reunião ministerial realizada pelo presidente ontem.
Dentre as medidas, foram incluídas a reforma tributária da renda com isenção para quem ganha até R$ 5 mil e a compensação com a tributação mínima de milionários.
A atualização da tabela do IR foi anunciada no fim do ano passado e gerou grande repercussão negativa no mercado financeiro, mas o projeto ainda não foi enviado ao Congresso. A ideia do governo é discutir o assunto este ano para começar a valer em 2026.
A lista com as prioridades foi apresentada durante a reunião ministerial de segunda-feira. Todos os pares de Haddad receberam uma cópia impressa com as medidas. A informação foi inicialmente divulgada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Globo com participantes da reunião.
Leia também
• Rui Costa nega que Haddad tenha se enfraquecido por causa do Pix: ''Saiu mais forte''
• Uso de CPF de Haddad tem ação coordenada em chats radicais do Telegram e atinge 100 mil pessoas
• Bolsonaro diz que vai processar Haddad por fala sobre compra de imóveis vinda de ''rachadinha''
No eixo de política fiscal e justiça tributária, o ministro citou também o fortalecimento do arcabouço fiscal, para assegurar a expansão do Produto Interno Bruto (PIB). "Desemprego e inflação baixos e estabilidade da dívida", diz a lista.
Haddad ainda incluiu ações que faziam parte do pacote de contenção de gastos, apresentado em novembro do ano passado, mas que não foram avaliadas pelo Congresso ou foram alteradas. É o caso da reforma da previdência dos militares e a limitação dos supersalários.
Nesse eixo, o ministro também citou o início da implantação da reforma tributária do consumo, cuja transição começa em 2026, e a segunda parte da regulamentação, com lei de gestão e administração do IBS (parte estadual e municipal), a questão dos fundos e do imposto seletivo.
O último ponto no âmbito fiscal é o projeto do devedor contumaz, de interesse da Receita Federal.
Os outros eixos tratam da melhoria do ambiente de negócios no país e da transição ecológica. Na agenda micro, os destaques são a regulamentação econômica das big techs, a modernização do marco legal de preços de medicamentos e medidas para o mercado de crédito, como as mudanças no consignado privado, assunto travado por discordâncias do Ministério do Trabalho.
Já na agenda de sustentabilidade, uma das prioridades é uma nova emissão de títulos soberanos sustentáveis. O ministro citou ainda o avanço na implementação do mercado de carbono.
Além das prioridades, também constavam na apresentação de Haddad as entregas dos últimos dois anos e os resultados, como a retomada do crescimento robusto do Produto Interno Bruto (PIB), a redução da pobreza e do desemprego, segundo os participantes. Quanto à inflação, havia uma avaliação de que os alimentos puxaram o aumento em 2024, mas devem arrefecer este ano, com a safra de grãos recorde.
Veja a lista de prioridades de Haddad para 2025 e 2026:
Estabilidade macroeconômica: política fiscal e justiça tributária
Fortalecimento do arcabouço fiscal, para assegurar a expansão do PIB. Desemprego e inflação baixos e estabilidade da dívida
Início da implantação da reforma tributária sobre o consumo
Regulamentação da reforma tributária: lei de gestão e administração do IBS, fundos e imposto seletivo
Limitação dos supersalários
Reforma da previdência dos militares
Projeto de lei da conformidade tributária e aduaneira, com valorização do bom contribuinte e responsabilização do devedor contumaz
Reforma tributária sobre a renda com isenção para quem ganha até R$ 5.000 e tributação sobre o milionários
Melhoria do ambiente de negócios
Nova Lei de Falências
Fortalecimento da proteção a investidores no mercado de capitais
Consolidação legal das infraestruturas do mercado financeiro
Resolução bancária
Mercado de crédito: execução extrajudicial, consignado do E-social, uso de pagamentos eletrônicos como garantia para empresas e ampliação de garantias em operações de crédito (open asset)
Regulamentação das big techs
Modernização do marco legal de preços de medicamentos
Pé-de-Meia: permissão ao aluno investir em poupança ou títulos do Tesouro
Modernização do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos e das parcerias público-privadas
Novo Brasil: Plano de transformação Ecológica
Nova emissão de títulos sustentáveis, trazendo recursos do fundo clima
Avanço na implementação do mercado de carbono (governança e decreto regulamentador)
Novos leilões do Ecoinvest
Compra pública com conteúdo nacional programa de desafios tecnológicos para a transformação ecológica
Estruturação do Fundo Internacional de Florestas
Conclusão da taxonomia sustentável brasileira
Política de atração de datacenter e marco legal da inteligência artificial
Plano safra e Renovagro: aprimoramento dos critérios de sustentabilidade
Concluir o mapa e investimentos sustentáveis na BIP (Plataforma de Investimentos para a transformação Ecológica no Brasil)