Haddad diz que dia de hoje é "particular para o mundo", horas antes de anúncio de Trump
Presidente americano prometeu anunciar nesta quarta-feira a imposição de novas "tarifas recíprocras" sobre o comércio com outros países
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o mundo vive um "dia particular" nesta quarta-feira, horas antes do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump anunciar fazer o anúncio da imposição das chamadas tarifas recíprocas.
Leia também
• Ouro avança e fecha em novo recorde antes de tarifas de Trump
• Bolsas da Europa fecham em queda com temores de tarifas comerciais dos EUA
Em discurso no evento de celebração de 60 anos de história do Banco Central (BC), Haddad disse que o mundo vive um momento de polarização na política e economia.
— Não é fácil o momento que estamos vivendo, é um desafio global muito interessante, todo o mundo está muito apreensivo, o dia de hoje é muito particular o que o mundo está vivendo. Outros virão com essa mesma intensidade, mas quanto mais nós tivermos clareza de que sim, podemos divergir, colocar as nossas opiniões a serviço do país, de que sempre haverá o cidadão para dar a última palavra — afirmou o ministro.
A declaração de Haddad aconteceu poucas horas antes do anúncio de uma nova estratégia chamada pelo presidente americano de “tarifas recíprocas”.
O republicano promete anunciar hoje uma nova rodada de impostos de importação sobre produtos de vários países que chegam aos EUA, no que ele tem chamado de “Dia da Libertação”.
Segundo a colunista do Globo Míriam Leitão, as tarifas dos EUA poderão ser lineares, aplicadas a todos os produtos de um país, e ir de 10% a 25%.
Isso pode tornar uma série de produtos brasileiros sem competitividade nos EUA, do suco de laranja aos aviões da Embraer.
Sem falar no aço e no alumínio, que já sofreram taxação de 25% e podem agora ter mais uma tarifa.
Nesta terça, Haddad já havia chamado de retaliação "injustificável" a imposição de novas tarifas no comércio com o governo brasileiro.
— Então nos causaria uma certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificável, uma vez que estamos com uma mesa de negociação desde sempre com aquele país, justamente para que a nossa cooperação seja cada vez mais forte —disse Haddad.
O Brasil está na mira da Casa Branca. Anteontem, o etanol brasileiro foi citado em um relatório do governo americano como exemplo de relação comercial injusta com os EUA, já que o similar americano paga taxa mais alta no Brasil que vice-versa.
Outras queixas também aparecem no texto.

