Haddad diz que programa para reduzir preço dos carros é "tópico" e para poucos meses
Ministro da Fazenda diz que financiamentos ficarão mais baratos de forma sustentável quando cair a taxa Selic
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (26) que o programa lançado pelo governo federal para reduzir o preços dos carros no país é apenas "tópico" e para poucos meses.
- É um projeto curto no tempo para acomodar essa transição de crédito caro e pátios cheios. Não é um programa de longo prazo, é tópico, para alguns meses neste ano. Estamos discutindo quantos meses ele vai durar. As contas serão feitas até domingo - disse o ministro.
Questionado se o valor do programa chegaria a R$ 8 bilhões, ele disse que não chegaria a "um quarto desse valor".
- Temos certeza de que vamos retomar o financiamento com o ciclo de queda dos juros. O programa não custará nem um quarto desses R$ 8 bilhões em isenções. Caiu a produção industrial brasileira em um espaço muito curto de tempo. Se o governo não tiver uma atenção nesse espaço de tempo, ficará difícil. Estou falando de um programa que vai durar 3 ou 4 meses, não é estrutural - afirmou o ministro.
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Haddad concede entrevista à Globonews nesta sexta-feira. Sobre a aprovação do projeto que estabelece o novo marco fiscal do país, Haddad diz que o projeto está sendo bem recebido e que o governo está trabalhando para chegar à meta fiscal prometida no ano que vem.
- Se tomarmos todas as medidas, podemos pretender chegar ao resultado dentro da banda já no ano que vem. Se você não atingir o projeto dentro da banda, você tem limitações. O projeto tem sido muito bem recebido. Quer dizer que você consegue construir maioria quando tem um projeto que convence a maioria.
Uma das medidas para aumentar a arrecadação está prestes a cair no Congresso, que é a medida provisória que altera as decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
- Está faltando o Carf. É fundamental para o Brasil participar do clube dos países ricos. Com essa regra herdada do Bolosnaro não tem acordo na OCDE - afirmou.
O ministro comentou a indicação do seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, para a diretoria de política monetária do Banco Central. Segundo ele, o nome veio do próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto.
- Quem mencionou o nome do Galípolo foi ele (Campos Neto) na índia.
Ele defendeu a mudança na perseguição da meta de inflação para contínua, no lugar do ano calendário.
- Eu não conheço país que adota a meta calendário. Dá impressão que dá para jogar para cima e para baixo. Você define a meta contínua e o Banco Central a persegue. Quando você define a contínua, dificilmente muda. Vejo essa meta contínua com muito bons olhos. Ela vem angariando simpatia, antes, dava pânico nas pessoas - disse.
Haddad comentou as chances de aprovação da reforma tributária e negou a possibilidade de o governo voltar com a CPMF. Esta semana, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, disse que havia estudos sobre o tema em sua pasta.
- É a primeira reforma tributária na redemocratização. Este governo não tem a pretensão de retomar nada disso (CPMF). Depois da reforma, vamos ter que começar uma discussão séria sobre transição econômica. Reindustrializar o país a partir de bases limpas.