Logo Folha de Pernambuco

déficit zero

Haddad ganha tempo, mas Fazenda ainda enxerga risco na mudança da meta de déficit zero

Falas dos presidentes da Câmara e do Senado defendendo a manutenção da meta de déficit zero deram fôlego ao ministro da Fazenda na briga interna

Ministro da Fazenda, Fernando HaddadMinistro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Fazenda entende que houve um alívio na pressão sobre a mudança na meta de zerar o déficit das contas públicas ano que vem. A avaliação é de que a repercussão sobre a alteração da meta foi muito grande, e a visão do ministro Fernando Haddad ganhou força. O ministro defende esperar pela votação de medidas de arrecadação antes de se prever um déficit mais elevado.

Dentro do governo, a avaliação é que o ministro ganhou tempo para buscar aprovar as medidas de arrecadação.

Ainda assim, o entendimento é de que a batalha não ganha, e o assunto continuará na pauta, principalmente se o governo não conseguir acelerar a agenda de medidas que envolvem aumento de receitas no Congresso, como a medida provisória (MP) que aumenta a tributação de grandes empresas que recebem incentivos de ICMS para custeio. O objetivo é arrecadar R$ 35 bilhões e, 2024.

As falas dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-RJ), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deram suporte a Haddad. Além disso, Lula tem procurado interlocutores ligados à economia para conversar sobre o tema, em um sinal de que a decisão não foi tomada.

A pressão contra a mudança na meta também aumentou hoje com a divulgação da Ata do Copom. No comunicado, o Banco Central deixou claro que uma piora nas expectativas fiscais do país terá impacto sobre a taxa de "juro neutro", o que, em outras palavras, significa que a Selic pode cair menos do que o esperado. O ciclo de baixa pode ser interrompido antes da hora, ou até mesmo o ritmo de cortes cair para 0,25%, conta os 0,5% atuais.

A ala política do governo defende aumentar o déficit para evitar um bloqueio de recursos no ano que vem.

Ontem, o líder do governo, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), descartou o envio de uma mensagem modificativa na Lei de Diretrizes orçamentárias (LDO) nesta terça-feira, que é o jeito mais fácil de fazer a alteração. Depois que o texto for aprovado na Comissão Mista de Orçamento, o governo precisará patrocinar uma emenda ao projeto, para propor uma mudança na meta.

O deputado Danilo Forte (União-CE), relator da LDO, vai apresentar seu parecer nesta terça. Na segunda-feira à noite, Randolfe afirmou que o relatório foi construído junto com o governo.

– Não muda, não tem mensagem modificativa (da meta fiscal) para amanhã. O relatório é um relatório que foi dialogado com o governo. A manutenção do horizonte do déficit zero que nós defendemos hoje depende muito mais do Congresso do que a própria meta do governo. Temos pelo menos quatro itens fiscais que fundamentalmente dependem do Congresso – disse o líder do governo após reunião com Lula e líderes partidários do Senado.

Em evento de um grande banco em São Paulo, Haddad recebeu apoio de Lira e Pacheco.

— Se não atingir (o déficit zero), não é porque não quer. É porque não conseguiu mesmo. E se não conseguir, tem as consequências do arcabouço que serão aplicadas — afirmou Lira.

— Meta deve ser continuamente perseguida e buscada. Se lá na frente ela não for alcançada, é uma outra coisa. Mas não podemos deixar de ter a tônica do encaminhamento do combate ao déficit público — afirmou Pacheco.

Divisão interna
O governo vive uma divisão interna a respeito do tema. Enquanto Haddad se coloca como um defensor da manutenção do alvo já fixado, em um esforço de convencimento com Lula, a ala política pressiona por uma flexibilização, diante do temor de que, para cumprir a meta, seja necessário bloquear recursos.

No rol de preocupações citadas por estes integrantes do governo estão os recursos necessários para viabilizar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Veja também

Saiba como excluir automaticamente pagamento associativo pelo Meu INSS
Previdência

Saiba como excluir automaticamente pagamento associativo pelo Meu INSS

CEO do TikTok busca conselho de Musk sobre a nova administração Trump
MUNDO

CEO do TikTok busca conselho de Musk sobre a nova administração Trump

Newsletter