Haddad vai envolver Banco Central em debate sobre corte de juros do cartão de crédito rotativo
Bancos vão entregar cronograma de estudo sobre juros do rotativo do cartão, disse o ministro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu nesta segunda-feira (17) com representantes dos bancos e entidades do setor financeiro para debater formas de reduzir da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo. Essa é a linha de crédito mais cara no mercado financeiro.
Haddad afirmou, após o encontro, que será apresentado um estudo a respeito do tema e o Banco Central (BC) será envolvido na discussão.
— Estávamos com quatro ou cinco CEOs de bancos aqui, não só a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), vamos envolver o Banco Central e vão entregar um cronograma de apresentação de um estudo (para juros do rotativo). Eu pedi celeridade, pediram para envolver o BC porque tem a regulamentação do produto — disse a jornalistas na saída da reunião.
Participaram do encontro os presidentes da Febraban, Isaac Sidney; da Confederação Nacional das instituições Financeiras (CNF), Rodrigo Maia; do Bradesco, Octavio de Lazari; do Itaú, Milton Maluhy; do Santander, Mario Leão; e a CEO Brasil do Nubank, Cristina Junqueira.
Segundo o ministro, eles passaram "uma hora estudando o modelo atual.
— São muitos interlocutores: bandeira, maquininha, bancos e lojistas — ressaltou.
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O presidente da Febraban disse que o não foram tratadas propostas na reunião e que o grupo vai encontrar soluções concretas.
O GLOBO mostrou no fim de semana que estão na mesa três alternativas com potencial para aliviar o custo das famílias que usam com frequência essa modalidade de crédito, apesar do custo elevado. Uma das ideias é exigir que as operadoras passem a diferenciar os clientes que usam o rotativo em dois grupos: um que cai no rotativo esporadicamente e logo quita a fatura e outro que vive pendurado. O primeiro teria uma taxa mais baixa, dentro do princípio de que os bons pagadores deixem de financiar os inadimplentes.
Baixa renda
Antes do encontro, Haddad disse que o modelo atual prejudica a população de baixa renda.
— O desenho (do crédito do cartão rotativo) está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados — disse o ministro.
De acordo com ele, essa é uma das 14 medidas do pacote para destravar o crédito bancário que será anunciado nas próximas semanas pelo governo brasileiro. Algumas ações contam com a participação do Banco Central.
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Segundo os últimos dados do BC, referentes a fevereiro, a taxa de juros do rotativo é de 417,35% ao ano, o maior dado desde agosto de 2017. A linha é a mais cara do sistema financeiro, batendo inclusive a do cheque especial, de 137,41% ao ano.