Logo Folha de Pernambuco

FÁBRICA

Heineken consegue liminar para construir fábrica próxima a sítio arqueológico

Em setembro, a construção havia sido embargada pelo ICMBio por risco de danos ao sítio arqueológico

HeinekenHeineken - Foto: Reprodução/ Internet

A cervejaria Heineken conseguiu na Justiça de Minas Gerais uma liminar (decisão provisória) para retomar as obras de sua cervejaria em Pedro Leopoldo, na Grande Belo Horizonte. Em setembro, a construção havia sido embargada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) por risco de danos ao sítio arqueológico onde foi localizado o crânio de Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas.

A liminar foi deferida na manhã desta quarta-feira (6) pela 12ª Vara Federal Cível e Agrária da SJMG (Seção Judiciária de Minas Gerais), após mandado de segurança impetrado pela cervejaria. Na decisão, o juiz Mário de Paula Franco Júnior entendeu que o ICMBio não possui competência para discutir a concessão da licença ambiental que fora deferida pela Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais) em agosto de 2021. Na ocasião do embargo, a pasta disse não ter encontrado obstáculos para a concessão de autorização.



O juiz também afirmou que a Heineken cumpriu com todos os ritos e tem licença ambiental expedida por um órgão competente para construir a fábrica no local. Por isso, a empresa teria o direito de executar a obra.

O ICMBio é uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, portanto um órgão do governo federal. Na decisão, o juiz afirma que a competência administrativa para licenciar atividades que interferem no meio ambiente, via de regra, é de estados e municípios

"Nessa ordem de ideias, não é dado à União Federal e respectivas entidades da administração indireta intervir nas questões de licenciamento ambiental e respectivos desdobramentos nas atividades e empreendimentos de competência estadual, porquanto, frise-se, o estado de Minas Gerais possui estrutura própria para isso, o que afasta, nos termos da LC 140/2011, a atuação supletiva da União Federal", diz a decisão.

"Isso implica dizer que, uma vez concedida a licença ambiental pelo órgão competente, em procedimento administrativo revestido de presunção de legalidade, certeza e veracidade, a pessoa física ou jurídica está autorizada, nos limites do ato administrativo permissivo, a promover atuações que envolvam o meio ambiente, não podendo ser surpreendida por órgãos fiscalizadores de outras esferas jurídicas", acrescenta.

O ICMBio, ao embargar a construção da fábrica, argumentou que a obra está localizada em Zona de Conservação do Desenvolvimento Urbano e Industrial de uma região que tem regras específicas para uso empresarial.

Por estar situado em local com rico acervo natural de grutas e sítios arqueológicos, o empreendimento exigiria cuidados adicionais, visto que a captação de água do subsolo para produzir a cerveja poderia gerar impacto nos lençóis freáticos e no complexo de grutas e cavernas da região, com risco de soterramento.

Na ocasião, o ICMBio afirmou que a obra poderia ser retomada caso a empresa se adequasse ao Plano de Manejo, apresentando estudos e as informações necessárias.

Procurado por email, o instituto não respondeu até a publicação da reportagem.

De acordo com o grupo Heineken, a liminar é positiva para o esclarecimento jurídico da situação, mas a companhia afirma que não vai retomar as atividades neste momento, por entender que é preciso buscar uma coesão com os envolvidos.

A ideia, de acordo com a empresa, é que as obras recomecem com a anuência de todas as partes interessadas.
"Respeitamos todos os entendimentos referentes ao caso e, apesar da decisão judicial permitir a retomada completa e imediata das atividades, optamos por neste momento manter as obras suspensas", disse a cervejaria em nota.

"Acreditamos que o diálogo com os órgãos competentes é sempre o melhor caminho e, por isso, manteremos as conversas no sentido de reiterar todo o respaldo técnico necessário para definitiva retomada e construção da cervejaria", acrescentou.
A Heineken disse já ter iniciado conversas com o ICMBio e que vai seguir no diálogo para que o órgão termine as avaliações que estão sendo feitas. A companhia também se colocou à disposição para enviar estudos complementares, caso o instituto entenda ser necessário, para provar que a cervejaria não vai impactar o sítio arqueológico.

O anúncio do empreendimento foi feito pelo governo de Minas Gerais em dezembro do ano passado, com previsão de investimento de R$ 1,8 bilhão por parte da empresa e geração de 350 empregos diretos. A capacidade é para 7,6 milhões de hectolitros por ano.

Veja também

Janeiro de 2025 terá bandeira tarifária verde, sem custo adicional, aponta Aneel
CONTA DE CONSUMO

Janeiro de 2025 terá bandeira tarifária verde, sem custo adicional, aponta Aneel

BlaBlacar é proibido no Paraná, e Frente Parlamentar vê ''ataque à liberdade econômica''
TRANSPORTE

BlaBlacar é proibido no Paraná, e Frente Parlamentar vê ''ataque à liberdade econômica''

Newsletter