Herdeira bilionária que não quer ser "tão rica" revela para onde vai doar R$ 145 milhões
Marlene Engelhorn, herdeira da gigante química Basf Friedrich Engelhorn, montou "Conselho do Bem"com austríacos aleatóricos para que escolhessem destino de parte da fortuna
O grupo encarregado de doar parte da herança bilionária da herdeira austro-alemã Marlene Engelhorn anunciou nesta terça-feira as dezenas de organizações, projetos e iniciativas que serão beneficiadas.
A ativista de 32 anos que defende impostos mais elevados para os ricos ganhou as manchetes em janeiro, quando anunciou que doaria 25 milhões de euros (R$ 145 milhões, na cotação atual) – a maior parte da sua herança.
Ela encarregou uma equipe de criar um conselho de cidadãos de 50 austríacos — o apelidado "Conselho do Bem" — para apresentar ideias sobre como doar a sua riqueza.
Leia também
• Fortuna dos mais ricos atinge o pico histórico; aumento de desigualdades se aprofunda em paralelo
• Bill Gates, Mark Zuckerberg, Elon Musk e Sam Altman: bilionários que vão doar fortuna para caridade
• Economista e empresário: de onde vem a fortuna de Rafael Kemp, namorado de Mariana Goldfarb?
Membros do grupo de cidadãos disseram na terça-feira que os milhões de Engelhorn seriam distribuídos entre um total de 77 organizações que procuram melhorar a proteção ambiental, a educação, a integração, a saúde e as questões sociais, bem como a pobreza e a habitação a preços acessíveis na Áustria.
Engelhorn, que cofundou a iniciativa Taxmenow, faz parte de um grupo exclusivo de milionários que pressiona os governos a tributá-los mais a fim de reduzir a disparidade de riqueza em meio a uma crise persistente de custo de vida.
Descendente do fundador da gigante química Basf Friedrich Engelhorn, ela herdou milhões quando sua avó morreu em 2022. As organizações individuais receberão, ao longo de alguns anos, montantes que variam entre 40 mil euros e 1,6 milhão de euros (estes, atribuídos à Sociedade Austríaca para a conservação da natureza).
— O resultado é tão diverso quanto o próprio conselho. Mas o que todas as decisões têm em comum é que desejam uma sociedade mais justa... para apoiar aqueles que são discriminados — disse Alexandra Wang, gerente do projeto, em entrevista coletiva nesta terça-feira.
De março a junho, 50 austríacos foram pagos para se reunirem durante seis fins de semana na cidade de Salzburgo para desenvolver soluções “no interesse da sociedade como um todo”.
Quatro membros do conselho partilharam as suas experiências na terça-feira, dizendo que gostaram do “projeto democrático”, saudando-o como um “desafio emocionante” para encontrar soluções para questões urgentes com base no consenso.
O participante mais jovem, o estudante Kyrillos Gadalla, de 17 anos, disse que “aprendeu muito” com cada conversa que teve com diferentes membros do conselho. O mais velho deles tinha 85 anos.
Engelhorn não participou da conferência de imprensa desta terça-feira. Ela se retirou do processo assim que o conselho foi lançado.
"Uma grande parte da minha riqueza herdada, que através do meu nascimento me elevou a uma posição de poder... foi agora redistribuída de acordo com os valores democráticos", disse Engelhorn, num comunicado.
Em janeiro, dez mil austríacos selecionados aleatoriamente com mais de 16 anos foram convidados a integrar o conselho de cidadãos concebido para refletir a composição demográfica do país.
A instituição de caridade Oxfam afirmou num relatório publicado em Janeiro que os multimilionários do mundo são 3,3 biliões de dólares mais ricos do que eram em 2020, enquanto quase cinco mil milhões de pessoas em todo o mundo ficaram mais pobres, atingindo "níveis de desigualdade obscena".