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ÁSIA

Impacto ambiental e transtornos no deslocamento: construção de maior barragem hidrelétrica do mundo

China é a idealizadora do projeto que fica localizado no curso inferior do rio Yarlung Tsangpo

Barragem das Três Gargantas, atualmente a maior do mundo, na China centralBarragem das Três Gargantas, atualmente a maior do mundo, na China central - Foto: divulgação

A China aprovou a construção da maior barragem hidrelétrica do mundo no Tibete. Isso despertou, segundo a rede televisiva inglesa BBC, preocupações sobre o deslocamento de comunidades e os impactos ambientais na Índia e em Bangladesh.

Localizada no curso inferior do rio Yarlung Tsangpo, a barragem terá capacidade para gerar energia três vezes maior que a da Barragem das Três Gargantas, atualmente a maior usina hidrelétrica do planeta.

A mídia estatal chinesa classificou o projeto como "seguro e comprometido com a proteção ecológica", destacando que ele promoverá o desenvolvimento local e contribuirá para as metas de neutralidade climática do país. Ainda assim, especialistas e grupos de direitos humanos alertam para possíveis consequências negativas associadas ao empreendimento.

Entre as preocupações levantadas estão os riscos de que a construção da barragem — anunciada no final de 2020 — cause o deslocamento de comunidades locais, além de transformar drasticamente a paisagem natural e prejudicar ecossistemas ricos e diversos no Planalto Tibetano.

Segundo a BBC, relatórios apontam que o projeto monumental exigiria a escavação de pelo menos quatro túneis de 20 km na montanha Namcha Barwa, desviando o curso do rio Yarlung Tsangpo, o maior do Tibete.

As autoridades chinesas afirmam que o impacto ambiental será limitado, mas não divulgaram quantas pessoas podem ser deslocadas. Para comparação, a construção da Barragem das Três Gargantas reassentou 1,4 milhão de pessoas.

Há também preocupações de que a barragem permita à China controlar ou desviar o fluxo do rio transfronteiriço, que segue para os estados de Arunachal Pradesh e Assam, na Índia, e depois para Bangladesh. Um relatório de 2013 do Lowy Institute, think tank australiano, destacou que o controle desses rios confere à China influência significativa sobre a economia indiana.

Após o anúncio do projeto em 2020, um funcionário do governo indiano disse à Reuters que a Índia estava considerando construir uma grande barragem hidrelétrica com reservatório para mitigar possíveis impactos dos empreendimentos chineses.

O Ministério das Relações Exteriores da China respondeu às preocupações indianas na época, declarando que o país tem o "direito legítimo" de construir a barragem e que considerou os impactos a jusante em seus planos.

Nos últimos dez anos, a China construiu várias usinas hidrelétricas ao longo do rio Yarlung Tsangpo, buscando aproveitar seu enorme potencial como fonte de energia renovável. O rio atravessa o cânion mais profundo do mundo, onde uma de suas garrafas desce 2.000 metros em apenas 50 km, oferecendo condições ideais para geração de energia

Apesar desse potencial, a geografia dramática do rio apresenta desafios significativos de engenharia. Uma nova barragem, a maior e mais ambiciosa já planejada pela China, será construída em uma área próxima a um limite de placas tectônicas, conhecida por sua alta atividade sísmica. Pesquisadores chineses alertam que as extensas obras de escavação e construção no desfiladeiro subterrâneo podem aumentar a frequência

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