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Indicado de Haddad para diretoria do Banco Central vira dúvida

Rodolfo Fróes tem sido alvo de bombardeio do PT por ter feito doação eleitoral a candidatos do partido Novo

Ministro da Economia, Fernando HaddadMinistro da Economia, Fernando Haddad - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A indicação de Rodolfo Fróes para a diretoria de Política Monetária do Banco Central não é mais tratada como certeza dentro do governo. Embora seja o nome mais cotado para o cargo, o vazamento da sua indicação gerou desconforto e incerteza no Executivo.

O presidente Lula pretendia oficializar a indicação após a viagem à China, cancelada por conta do estado de saúde do presidente. Agora, a expectativa é que o anúncio seja feito nos próximos dias.

O futuro indicado para a Diretoria de Política Monetária irá substituir Bruno Serra, cujo mandato se encerrou no dia 28 de fevereiro. Ele permaneceu no cargo até esta segunda-feira e participou da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, que manteve a taxa de juros em 13,75%.

“Em nome do Banco Central, o presidente Roberto Campos Neto agradece ao diretor Bruno Fernandes pelos relevantes serviços prestados ao Banco Central e à Diretoria Colegiada”, afirma nota do BC, divulgada nesta segunda.

Indicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o nome de Fróes também é bombardeado por integrantes do PT. Membros do partido o acusam de ser bolsonarista, com o argumento de que ele doou para o Novo e vem do mercado financeiro.

Nas eleições de 2018, Fróes doou recursos para as campanhas de dois membros do Partido Novo, segundo informações do portal Tribunal Superior Eleitoral. Ele destinou R$ 5.000 para Paulo Ganime (RJ) e R$ 1.000 para Vinicius Poit (SP), que se elegeram deputados federais.

O profissional do mercado financeiro deu munição para a fritura ao admitir ao “Valor Econômico” que está no páreo: — Ele afirmou que, de fato, está “no processo” para a escolha.

Desde o começo do processo para a escolha da diretoria do BC, auxiliares de Haddad vinham alertando a demais integrantes do governo que a divulgação precoce de um nome poderia acabar gerando um desgaste e uma fritura pública.

Por conta dessas questões, outro nome passou a ser cotado para o cargo: o atual economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha. Para uma ala do governo, Rocha é visto como alguém que poderia fazer um contraponto ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, dentro do Comitê de Política Monetária (Copom) na definição da taxa de juros.

Inicialmente, o governo não trabalhava com um nome para ser “contraponto”. Mas o entendimento do Executivo é de que esse cenário mudou desde o comunicado do Copom da última quarta-feira, ao manter a Selic em 13,75% e sinalizar até nova alta. A nota foi considerada “política”.

O chefe de política monetária do BC tem destaque no debate sobre a Selic durante as reuniões do Copom. Ele também se relaciona com o mercado e com as operações de dólar.

Para a Diretoria de Fiscalização, é dado como certo o nome do servidor de carreira do Banco Central Rodrigo Monteiro. A cadeira atualmente é ocupada por Paulo Souza, cujo mandato também se encerrou em 28 de fevereiro. Esse cargo é costumeiramente ocupado por nomes de carreira do BC.

Após as indicações, eles serão sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e, seus nomes, submetidos à aprovação do plenário da Casa.

Fróes vem do mercado, com passagem pelo Bank of America, pela Ritchie Capital Management, pela Flow Corretora, entre outras empresas. Também compôs Conselho de Administração do Banco Fator em parte do período em que a instituição foi presidida por Gabriel Galípolo, atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Galípolo também é próximo de Igor Rocha, economista com mestrado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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