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Economia

Indústria entrega propostas a presidenciáveis para acelerar inovação no país

Burocracia e falta de políticas públicas de longo prazo colocam Brasil na rabeira dos rankings de investimento em pesquisa

Atividade industrialAtividade industrial - Foto: Pexels

Quando se fala em inovação, o Brasil ocupa a rabeira do ranking entre os países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento. Faltam no país políticas públicas de longo prazo que alavanquem o investimento privado. Burocracia, falta de recursos e leis que não funcionam são obstáculos. Diante desse quadro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou aos candidatos à presidência um documento com estratégias e propostas para que o país avance nessa agenda.

- Estamos na contramão de países desenvolvidos, que reconhecem o papel do Estado no fomento à inovação, ciência e tecnologia. Com inovação, há melhora na qualidade de vida das pessoas, redução do custo de tecnologia e geração de novas tecnologias para empresas - diz Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, lembrando que no país precisa ainda integrar a pauta de
sustentabilidade à agenda desenvolvimento.
 

O documento defende o aprimoramento da Lei do Bem, em que as empresas obtêm até 34% em benefícios fiscais sobre o valor investido em pesquisa e desenvolvimento. Mas a etapa de aprovação dos projetos pelo governo é tão burocrática e demora tanto, que acaba inviabilizando o uso dessa lei. A CNI lembra que a "cultura burocrática" das organizações também ainda dificulta a realização de convênios e outras formas de colaboração público-privada.

Uma pesquisa realizada esse ano pela entidade, mostrou que apenas 10% das empresas utilizaram linhas de financiamento público à pesquisa e desenvolvimento ao longo do ano de 2020. De acordo com os dados, 89% das empresas consultadas custearam a atividade inovação com recursos próprios.

Parcerias entre empresas e startups, universidades e instituições de pesquisa, que já acontecem há mais de duas décadas em países como Estados Unidos, Israel e Alemanha, começam a se tornar mais frequentes por aqui também e ajudam na chamada inovação aberta. Mas a CNI lembra que os casos de parcerias para inovações em processos e produtos no Brasil ainda são tímidos, e ocorrem com mais frequência em grandes empresas. Precisam ser aceleradas.

O órgão que representa a indústria observa que as parcerias público-privadas ajudam o país a ganhar competitividade no setor. A transformação digital e a sustentabilidade são fatores essenciais para a inovação e devem estar na pauta do governo e das empresas para a modernização da indústria. Desenvolver tecnologias "limpas" também deve ser uma das prioridades.

A CNI também pede a diversificação das fontes de fomento e a aplicação integral dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), maior fonte de financiamento à ciência, tecnologia e inovação no país. A CNI vê com preocupação, por exemplo, um possível corte de 50% no orçamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que examina os pedidos de patentes, este ano, deixando o órgão com R$ 34 milhões em vez dos R$ 70 milhões previstos.

A qualificação da mão de obra, através de oportunidades geradas por instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), também deve ser prioritária. A maior parte dos capacitados é de jovens das classes C, D e E, que saem dos cursos preparados para trabalhar na nova indústria 4.0 e na economia verde, resultando em inclusão social.

Esses obstáculo levaram o país a ficar para trás quando se compara o investimento em inovaçao em outros países. Em 2011, o Brasil ocupava a 47ª posição na classificação do Global Innovation Index. Caiu para a 70ª em 2015, e, em 2021, se recuperou, passando a ocupar a 57ª posição. Apesar dos esforços públicos e privados, a trajetória dos últimos anos é decepcionante para um país situado entre as dez mais importantes economias do mundo, lembra o documento da CNI.

Em 2019, o Brasil investiu 1,21% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. Israel investiu 4,9%, enquanto a China gastou 2,2% , o Japão 3,2% e os Estados Unidos 3,07%. A média de investimentos entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na qual o Brasil peliteia sua entrada, é 2,48% do PIB.

O documento elaborado pela CNI será debatido com os principais candidatos no dia 29. Por enquanto, estão confirmadas as participações de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) ainda não deram resposta.

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