Economia mundial

Inflação da zona do euro bate recorde; PIB do bloco surpreende e sobe mais que expectativa

Alemanha ficou estagnada, mas França, Itália e Espanha cresceram com turismo

EuroEuro - Foto: Pexels

Os preços ao consumidor na zona do euro saltaram 8,9% em julho em comparação com um ano atrás, com a inflação impulsionada pelo alto custo da energia atingindo um novo recorde, e muitas das maiores economias do bloco expandiram mais rápido do que o esperado no segundo trimestre, exceto o motor tradicional da Europa, a Alemanha, que estagnou.

Os preços nos 19 países que usam a moeda comum europeia subiram da marca de 8,6% que atingiram em junho, marcando o terceiro mês consecutivo em que a inflação atingiu um recorde. Já suas economias, beneficiadas pela flexibilização das restrições ao coronavírus, cresceram 0,7% de abril a junho, em relação ao trimestre anterior, mostraram números oficiais divulgados nesta sexta-feira.

A Alemanha, a maior economia da Europa, estagnou no segundo trimestre, à medida que o comércio desacelerou e o país enfrentou os bloqueios repetidos das entregas de gás natural da Rússia. O país ainda recebe quase um terço de seu gás da Rússia, e os altos preços da energia resultantes da guerra na Ucrânia afetaram particularmente a economia alemã.

Em outros pontos da Europa, países cujas economias não dependiam tanto de combustíveis fósseis da Rússia tiveram um crescimento mais forte no mesmo período, efetivamente invertendo o roteiro da narrativa econômica da Europa, onde a Alemanha atua como motor do crescimento.

França, Itália e Espanha – todos países com um forte setor de turismo – tiveram um crescimento econômico nos três meses de abril a junho que superou as expectativas dos analistas. A economia francesa cresceu 0,5% em relação ao primeiro trimestre, enquanto a da Itália avançou 1% e a da Espanha, 1,1%.

Os Estados Bálticos, que atingiram pela primeira vez níveis de inflação de dois dígitos em março, continuaram a ser a região com os níveis de preços mais elevados em julho.

A inflação anual da Alemanha aumentou de 8,2% em junho para 8,5%, uma vez que novos cortes nas entregas de gás da Rússia criaram a preocupação de que os preços já recordes de energia subirão ainda mais. Esses custos aumentados, juntamente com pedidos do governo para economizar energia e problemas persistentes na cadeia de suprimentos devido às paralisações da pandemia de Covid-19, prejudicaram o setor industrial da Alemanha.

 

Perspectiva de recessão

Espera-se que o crescimento econômico na zona do euro desacelere nos próximos meses, à medida que a recuperação dos serviços e do turismo, impulsionada pela queda das restrições em torno da pandemia de coronavírus, desacelere. A Europa poderia então enfrentar a perspectiva de uma recessão.

“A partir daqui, esperamos uma tendência de queda do PIB à medida que a recuperação dos serviços se modera, a demanda global diminui e os apertos do poder de compra persistem”, escreveu Bert Colijn, economista do ING, em uma nota de pesquisa. “Esperamos que isso resulte em uma recessão leve a partir do segundo semestre do ano.”

Os números mais recentes parecem apoiar a decisão da semana passada dos membros do Conselho de Administração do Banco Central Europeu de dar um passo poderoso para combater a inflação, elevando suas três taxas de juros em meio ponto percentual, o primeiro aumento em mais de uma década.

Economistas esperam que o banco continue a aumentar as taxas novamente em sua próxima reunião, em um esforço para controlar o aumento dos preços.

“Com a inflação não mostrando sinais de arrefecimento no curto prazo e com as perspectivas econômicas ainda não descarrilando, esperamos outro aumento” de meio ponto percentual quando o BCE se reunir novamente em setembro, disse, em nota, Nicola Nobile, da Oxford Economics.

Na quinta-feira, novos dados mostraram que a economia dos EUA encolheu pelo segundo trimestre consecutivo, levantando temores de que o país possa estar entrando em recessão – ou talvez já tenha começado. O PIB caiu 0,2% no segundo trimestre, que se seguiu a uma queda de 0,4% no primeiro trimestre. Com a inflação também aquecida nos Estados Unidos, o Federal Reserve elevou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual em suas duas últimas reuniões, com mais aumentos esperados.

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