Mercado Financeiro

Inflação em alta e crescimento em baixa pressionam dólar a R$ 5,50 e Bolsa cai a 109 mil pontos

Os mercados globais passam por dias de turbulência devido à escalada generalizada de preços, o que tem forçado bancos centrais de países desenvolvidos a discutirem a elevação das taxas de juros básicos

InflaçãoInflação - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A combinação de inflação e crescimento baixo que afeta o mundo todo e os riscos particulares do Brasil proporcionavam mais uma abertura de mercado em baixa e alta do dólar nesta quarta-feira (6).

Às 11h51, a divisa americana subia 0,40%, a R$ 5,5070, mesmo com em um dia em que o Banco Central oferta até 14 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em junho e setembro de 2022.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, caía 1,28%, a 109.03 pontos, após ter atingido a mínima de 108.179. Os mercados globais passam por dias de turbulência devido à escalada generalizada de preços, o que tem forçado bancos centrais de países desenvolvidos a discutirem a elevação das taxas de juros básicos.

Nos Estados Unidos, a inflação tem ampliado a expectativa de que a taxa de juros básicos, que hoje está perto de zero, seja elevada a partir de 2022. Ruim de modo geral para as Bolsas, a alta de juros em economias sólidas tem ainda mais impacto em países emergentes, situação agravada no Brasil por um cenário fiscal preocupante.

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"A curva de juros futuros nos Estados Unidos já está na casa de 1,5% e, com uma economia considerada sem risco remunerando melhor, o risco do Brasil é precificado em algum lugar, e isso aparece no dólar e na Bolsa", diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

A dificuldade do governo em fechar o Orçamento de 2022 e a pressão pelo aumento de gastos com a aproximação das eleições do próximo ano são, segundo a economista, os principais motivos de preocupação do mercado em relação ao Brasil.

Em comentário a clientes mais cedo, o diretor de investimentos da TAG Investimentos, Dan H. Kawa, destacou que o Brasil está entrando neste ambiente mais desafiador no exterior em situação bastante delicada e frágil.

Um dos elementos internos de forte pressão sobre a inflação é a alta no preço dos combustíveis, que tende a se intensificar com o atual cenário de aumento na cotação do petróleo. Na última segunda-feira (4), o preço do petróleo alcançou o maior valor em três anos porque os países membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e aliados decidiram não aumentar o atual nível de produção.

Nesta manhã, o barril do Brent, referência para o mercado, caía 1,02%, a US$ 81,72 (R$ 450,86). A alta acumulada no ano, porém, é de 56%. Para tentar aliviar essa pressão, nesta terça-feira (5), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), propôs a partidos da base e da oposição um acordo segundo o qual o ICMS (imposto estadual) incidiria sobre o preço médio dos combustíveis nos últimos dois anos para reduzir o valor da gasolina.

Os governadores, porém, já sinalizaram que são contra a proposta, reforçando o clima de embate entre Brasília e estados, o que piora o cenário político interno do país. De acordo com Rachel de Sá, independentemente de qual medida está em discussão, o fato de a Petrobras estar no foco de agentes políticos amplia o temor de intervenções na estatal. Os papéis da empresa (PETR4) caíam mais de 2% nesta manhã, pesando significativamente na baixa da Bolsa.

"Os preços dos combustíveis já estão abaixo do mercado internacional devido à alta do petróleo", diz a analista. Desde 2017, a Petrobras adota o PPI (preço de paridade de importação), sistema que vincula os preços praticados pela companhia à cotação internacional do petróleo.

A elevação do preço do petróleo ocorre em um momento de aumento da demanda por insumos necessários à geração de energia, situação fortemente influenciada pela redução da produção de carvão mineral na China, segundo Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group.

O gigante asiático segue firme em seu propósito na substituição da queima de combustíveis fósseis por fontes limpas, como a eólica e a solar. Durante a pandemia, porém, cadeias de abastecimento do mundo todo foram prejudicadas e, em um cenário de escassez generalizada, faltam também componentes para equipamentos necessários à expansão de turbinas eólicas e placas de células fotovoltaicas, por exemplo.

Na Europa, um outono mais frio também aumentou a demanda por energia, pressionando os preços do gás natural. Desabastecimento e alta da energia, em um momento de retomada econômica nos países desenvolvidos com a pandemia perdendo força devido à vacinação, são os principais elementos da inflação mundial.

Situação agravada porque um quadro inflacionário ligado à escassez também impede o crescimento, lançando sobre o mercado o temor de uma estagflação. Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuavam 1,02%, 0,45% e 0,34%, respectivamente, devolvendo parcialmente os ganhos da véspera.

Comércio fraco piora cenário O volume de vendas do comércio varejista do país caiu 3,1% em agosto, na comparação com julho, revelou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira.
A retração é a maior para agosto desde o começo da série histórica, em 2000. O desempenho ficou bem abaixo das expectativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam elevação de 0,6% nas vendas.

O resultado é mais um sinal das dificuldades do país em retomar o crescimento, situação que tende a piorar devido à necessidade do Banco Central em elevar os juros básicos para conter a inflação.

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