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EUA

Inflação nos EUA alcança um máximo em quatro décadas em janeiro

O governo Biden e o Federal Reserve (Fed, banco central americano) asseguram há meses que a inflação é apenas temporária

DólarDólar - Foto: Reprodução/Pxhere

A inflação nos Estados Unidos continua batendo recordes, ao registrar em janeiro uma nova alta dos preços ao consumo em 12 meses, a cifra mais alta em quase quatro décadas, que pressiona as famílias do país, admitiu o presidente Joe Biden.

O Departamento do Trabalho anunciou que o índice de preços ao consumo (IPC) ficou em 7,5% em doze meses até janeiro, sua maior aceleração em quase 40 anos, e maior também que os 7% registrados no ano de 2021.

Admitindo uma "verdadeira pressão" sofrida pelas famílias americanas, Joe Biden, para quem o repique dos preços é uma desvantagem política maior, assegurou em um comunicado que "também há sinais de que vamos superar este desafio".

"Os preços dos alimentos estão em alta, trabalhamos para fazer com que diminuam", explicou o presidente democrata, prometendo, ainda, fazer esforços "para baixar os preços da gasolina".

Biden aproveitou para voltar a exaltar os méritos de seu plano de investimentos Build Back Better (Reconstruir melhor), paralisado no Congresso. Estes gastos devem, segundo ele, diminuir a pressão sobre os preços, mas a oposição republicana teme que alimentem ainda mais o avanço da inflação.

"O cuidado com as crianças é um custo para milhões de famílias. Devem pagar o preço dos medicamentos (...), dos cuidados com a saúde. Querem reduzir o custo de vida? Ajudem-os nestes temas", pediu Biden.

Preços altos em vários setores

A Casa Branca já havia alertado na quarta-feira sobre os números da inflação, especialmente porque não se espera que a situação melhore em alguns meses.

Quase todos os setores da economia foram afetados, dos combustíveis para a calefação até os carros usados, passando pelos móveis domésticos e os serviços.

O aumento do mês de janeiro em relação a dezembro foi 0,6%, maior do que o esperado pelos analistas.

Uma série de fatores impulsionam os aumentos dos preços, como os problemas nas cadeias de abastecimento, a escassez de componentes e a falta de mão de obra.

A oposição republicana e alguns economistas estimam que isso seja consequência direta da política econômica do presidente Joe Biden, que fez um gigantesco plano de emergência de 1,9 trilhão de dólares ser aprovado no Congresso.

"Os americanos pagam mais e ganham menos por causa do programa fracassado de Joe Biden. Biden mentiu, sua inflação não é temporária", denunciou o Partido Republicano em um comunicado.

Brian Deese, conselheiro econômico de Joe Biden, repetiu na quarta-feira que o aumento da inflação é "um fenômeno global" que, acrescentou, será moderado quando os gastos do consumidor forem reorientados para o segmento de serviços e não para bens.

Ação do Fed

O governo Biden e o Federal Reserve (Fed, banco central americano) asseguram há meses que a inflação é apenas temporária.

Agora, para tentar frear a inflação, a Casa Branca multiplica seus anúncios. O objetivo é permitir aos produtos chegar mais rápido aos lares e empresas americanos e reduzir a pressão sobre os preços.

Após implementar medidas para acelerar a descarga de navios nos portos, agora quer contratar mais motoristas e, em mais longo prazo, voltar à produção nacional de componentes essenciais como os semicondutores.

O Fed, por sua vez, pode agir sobre a outra origem desta alta dos preços: a forte demanda de parte dos consumidores e das empresas. O método mais eficaz à sua disposição é elevar a taxa de juros, pois isto encarece os créditos concedidos pelos bancos.

Após ter passado dois anos na faixa entre 0% e 0,25%, as taxas de juros do Fed poderiam ser elevadas na próxima reunião do comitê de política monetária, em meados de março.

"O Fed vê sua maior prioridade no controle da inflação", avaliou Kathy Bostjancic, da Oxford Economics, após tomar conhecimento do relatório de preços ao consumidor.

"Esta inflação forte aumenta as prospecções do Fed para iniciar um ciclo de endurecimento de aumento das taxas", disse ela, que apostou em uma sequência de "altas consecutivas nas reuniões seguintes".

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