Inflação reduz dívida bruta e dá sobrevida a teto de gastos, estima instituição fiscal
De acordo com a IFI, órgão ligado ao Senado, a dívida bruta brasileira deverá cair de 88,8% no final de 2020 para 85,6% do PIB neste ano
A alta da inflação ajudará a melhorar os dados das contas públicas neste e nos próximos anos, segundo estimativas divulgadas, nesta quarta-feira (16), no Relatório de Acompanhamento Fiscal da IFI (Instituição Fiscal Independente) de junho.
De acordo com a IFI, órgão ligado ao Senado, a dívida bruta brasileira deverá cair de 88,8% no final de 2020 para 85,6% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
Apesar do recuo, a instituição afirma que a dívida ainda está 30,5 pontos percentuais acima da média dos países emergentes, por isso, "o desafio fiscal não foi superado".
A projeção de crescimento real do PIB da IFI passou de 3% para 4,2%. Considerando também a inflação, o PIB nominal cresceria 12,6%.
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Segundo a IFI, o aumento do PIB nominal, combinado com os resgates da dívida pública, contribuíram para a queda da dívida bruta no primeiro quadrimestre.
"Os dados do PIB do primeiro trimestre e a inflação mais alta colaboram para o quadro fiscal, mas esse tipo de dinâmica não é consistente", afirma a IFI.
Segundo o relatório, a estratégia de ajustar as contas públicas com mais inflação é arriscada, porque pode levar à alta do custo médio da dívida e colocar a perder os ganhos de curto prazo.
Grande parte da dívida é atrelada a índices de preços. Além disso, mais inflação demanda aumento maior da taxa básica de juros.
A instituição também calcula que as contas do setor público podem voltar a ser superavitárias a partir de 2025.
Anteriormente, a projeção era de voltar ao azul somente em 2030. Com isso, a dívida bruta cresceria até 87,1% do PIB em 2025, ficaria estável no ano seguinte e iniciaria trajetória de leve queda até 85,5% em 2030.
Segundo a IFI, o teto de gastos, na presença de inflação maior, ganhou sobrevida e terá risco alto de rompimento apenas em 2027.
Em 2022, o teto de gastos terá folga de R$ 47 bilhões, que poderá ser integralmente gasta. A folga é dada pela diferença entre a inflação usada para calcular o teto (até junho deste ano, de 8,3% na projeção) e a que corrige as despesas do Orçamento (até dezembro, de 5,7%).
De acordo com o relatório, o deflator do PIB, pressionado pela evolução da taxa de câmbio e dos preços das commodities, produzirá um PIB nominal mais elevado em 2021. Esse ponto de partida alto afeta toda a curva de projeções da instituição, influenciando para acima a geração de resultados primários do governo central.
O crescimento real da economia pode chegar a 5,4% no cenário mais otimista traçado pela instituição. Nesse caso, a dívida bruta poderia cair para 83,9% do PIB.