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Inflação fica 0,53% em janeiro, puxada por alimentos e combustíveis

Indicador desacelerou em relação a dezembro, mas acumula alta de 5,77% em 12 meses, acima do teto da meta

SupermercadoSupermercado - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Puxado por alimentos e combustíveis, o IPCA, índice que mede a variação de preços e é usado nas metas de inflação do governo, subiu 0,53% em janeiro. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (9). O resultado representa uma desaceleração do IPCA em relação ao mês de dezembro, quando avançou 0,62%. Mas ainda mostra a pressão dos preços, num momento em que a taxa de juros - um dos instrumentos usados para manter o índice sob controle - virou motivo de embate entre Lula e o Banco Central.

O número veio abaixo do esperado pelos analistas, que projetavam alta de 0,57%, segundo projeção do Valor Data

Nos últimos 12 meses, a inflação acumula alta de 5,77%, abaixo dos 5,79% dos últimos 12 meses

O aumento nos preços de alimentos e bebidas foi o principal responsável pela alta do indicador em janeiro

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas o segmento de Vestuário apresentou recuo nos preços, com queda de 0,27%.

Alimentos e combustíveis mais caros
O grande destaque foi o grupo Alimentação e bebidas, que avançou 0,59%, com grande influência dos aumentos observados na batata-inglesa, cujos preços subiram entre 14% e 17%.

"As altas nesses dois casos se explicam pela grande quantidade de chuvas nas regiões produtoras. Por outro lado, observamos queda de 22,68% no preço da cebola, por conta da maior oferta vindo das regiões Nordeste e Sul, item que teve alta de mais de 130% em 2022" explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O grupo do Transportes, por sua vez, avançou 0,55%, influenciado principalmente pela alta nos preços dos combustíveis - sobretudo a gasolina. Também contribuíram o automóvel novo, e o emplacamento e licença, que incorporou pela primeira vez a fração referente ao IPVA de 2023.

Já o grupo de Saúde e cuidados pessoais desacelerou de forma significativa: saiu de alta de 1,60% em dezembro para 0,16% em janeiro.

"Esse resultado é explicado pela queda nos preços de perfumes e artigos de maquiagem. Observamos queda em novembro no contexto da Black Friday, alta logo após, em dezembro, e, em janeiro, nova queda com descontos sendo verificados no setor" explica o gerente da pesquisa.

Vestuário tem 1º queda após 23 meses seguidos de alta
O grupo Comunicação, embora tenha peso menor na pesquisa, registrou a maior variação em janeiro (2,09%). A alta foi puxada pelos reajustes nos preços de tv por assinatura e combos de telefonia, internet e tv também por assinatura. Já o grupo Habitação registrou alta de 0,33%, com destaque para a taxa de água e esgoto, por conta de reajustes em três regiões do país.

O grupo Vestuário, por sua vez, teve a primeira queda após 23 meses seguidos de altas. Segundo o IBGE, os itens do grupo foram impactados ao longo dos últimos dois anos pelo aumento no custo das matérias-primas e pela demanda reprimida pós-pandemia. Em janeiro, o recuo dos preços se deve ao fato de várias lojas terem aplicado descontos sobre os preços que foram praticados em dezembro, para o Natal.

Veja o resultado de cada um dos nove grupos que compõem o IPCA:
Alimentação e bebidas: 0,59%

Habitação: 0,33%

Artigos de residência: 0,70%

Vestuário: -0,27%

Transportes: 0,55%

Saúde e cuidados pessoais: 0,16%

Despesas pessoais: 0,76%

Educação: 0,36%

Comunicação: 2,09%

Perspectivas
O mês de fevereiro deverá ser marcado pela alta no grupo Educação, que concentra os aumentos nos preços das mensalidades escolares. Além disso, também deve pesar no resultado mensal o reajuste de 7,5% anunciado pela Petrobras no dia 24 de janeiro no preço médio de venda de gasolina. O aumento passou a valer no dia 25 e tem influência principalmente nos 30 dias após o anúncio.

Em geral, o ano de 2023 deverá ser marcado pela alta de preços administrados, como energia e combustíveis, diante da expectativa de volta dos impostos sobre esses itens. O país tende a registrar o terceiro estouro seguido da meta de inflação.

Economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para o índice de preços e, segundo o Boletim Focus do Banco Central, que reúne as projeções do mercado, a inflação deve fechar o ano em 5,78%, ante 5,74%.

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