Internet Explorer, que dominou web por duas décadas, chega ao fim
As projeções apontam para participação que varia de apenas 1% a 3% no mercado de navegadores em 2020
A Microsoft anunciou nesta semana que seus aplicativos e serviços não serão mais compatíveis com a última versão do Internet Explorer. A empresa cofundada por Bill Gates oficializa, assim, a morte do navegador, que dominou o mercado dos anos 1990 até 2012, quando iniciou sua trajetória de declínio.
As projeções apontam para participação que varia de apenas 1% a 3% no mercado de navegadores em 2020.
A partir de novembro, a ferramenta para comunicação corporativa do pacote Office 365, por exemplo, não será mais compatível com o Explorer 11. Em agosto de 2021, a Microsoft estenderá a medida a todos os seus aplicativos remanescentes.
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A comunidade de fãs do Explorer poderá usar o serviço para seguir acessando sites ou redes sociais se desejar, mas na competição de navegadores, seu maior diferencial será o apelo saudosista. Desde 2016, a Microsoft não realiza atualizações de segurança e nem oferece suporte técnico a versões antigas do serviço.
Há cinco anos, a empresa promove o Edge, criado para substituir o Explorer de forma gradativa. O novo produto representa 2,8% do mercado, de acordo com a consultoria NetMarket Share, mais do que a fatia de 2,3% do Explorer.
Disparado em primeiro lugar vem o Chrome, lançado pela Google em 2008, com 66% do mercado, seguido de Safari, da Apple (17%), e do Mozilla Firefox (4,2%), segundo a StatCounter, que analisa o tráfego na web.
Criado há 25 anos, o Internet Explorer era protagonista de uso na internet comercial dos anos 1990, que contava com concorrentes como o Netscape e o Opera, que participaram de uma guerra de browsers, à medida que o acesso às redes começava a se popularizar antes dos anos 2000.
O maior rival, à época, era o Netscape, que ganhou o código legado do Mosaic, lançado em 1993.
No início dos anos 2000, o Explorer era utilizado em mais de 90% dos computadores. A estratégia da Microsoft, iniciada nos anos 1990, foi incluir por padrão o navegador no seu pacote Office, numa ofensiva que cercou o mercado de novos competidores.
A briga de big techs ainda não incluía Google, sendo Microsoft e Apple as principais rivais para hardware e software, com a Microsoft presente em grande parte das casas e empresas conectadas à internet, em especial depois do lançamento do Windows 95.
Com a bolha da internet, que deu nova importância aos navegadores, a Justiça americana decidiu, em 2000, que a empresa de Bill Gates violava a lei antitruste –uma das primeiras derrotas judiciais das grandes empresas de tecnologia - e monopolizava o mercado de navegadores.
Foi justamente a venda casada de Explorer com o sistema operacional do Windows que motivou a briga judicial. O caso só foi finalizado em 2004, com um acordo que previa o compartilhamento de códigos com outras empresas. O processo chegou a levantar a possibilidade de divisão forçada da empresa para poder comercializar os dois produtos.
Durante esse período, surgiram os navegadores Safari, integrado ao sistema operacional da Apple, portanto usado por usuários de iPhone e MacBook, e o Firefox, da Mozilla, que surgiu com o diferencial de maior proteção à privacidade.
O Chrome, do Google, veio só em 2008. Apesar de ele dominar o cenário de navegadores, o que se explica pela capilaridade do Android (sistema operacional da empresa presente em 87% do mercado de smarthones), o Google transformou o mercado de outra forma.
A empresa criou a base de muitos navegadores, o Chromium, uma plataforma de desenvolvimento aberto que, inclusive, foi utilizada pela Microsoft para a criação do Edge. O navedor tem sua imagem dissociada do Explorer, que tende a ficar restrito a um logotipo dos anos 1990.
"Essa tentativa de fazer a web ficar integrada ao sistema operacional deles unida aos lançamentos que vieram, com a proteção do Firefox, a agilidade do Chrome e os ecossistemas de iOS e Android dificultaram o caminho do Explorer. A tendência é cada vez mais ficar logado ao navegador da marca do celular", diz Vinícius Serafim, consultor e mestre em Ciência da Computação pela UFRGS.
A Microsoft está orientando clientes para que mudem para o Edge, com alerta de que, passadas as datas de fim de compatibilidade, a experiência será degradada ou até impossível de ser realizada com outros produtos do pacote 365.