deflação

IPCA registra a primeira deflação em dez meses, aponta IBGE

Indicador vem perdendo força em meio à desaceleração dos preços dos combustíveis e de alimentos

Posto de combustíveisPosto de combustíveis - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Um alívio nos preços dos alimentos e combustíveis levou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) a registrar a primeira deflação em nove meses. O índice recuou 0,08% em junho, após alta de 0,23% em maio. Essa é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice ficou em -0,23%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (11).

No ano, o IPCA acumula alta de 2,87%

Nos últimos 12 meses, o índice registra alta de 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores

Em junho de 2022, a variação havia sido de 0,67%

O IPCA-15, indicador considerado uma prévia da inflação, já tinha mostrado um movimento de desaceleração ao ficar perto de zero em junho. O índice registrou alta em 0,04%, bem abaixo da taxa de maio (0,51%).

Alívio nos preços de alimentos e combustíveis
Uma retração nos preços associados à alimentação e transportes puxaram a queda no mês. Juntos, esses dois grupos são os que mais pesam na cesta de consumo das famílias: representam quase metade do índice geral (42%).

O grupo Alimentação caiu 1,07%, puxado pelo recuo de 9% nos preços do óleo de soja e de 2% a 3% entre os custos das frutas, do leite longa vida e das carnes. Já a alimentação fora do domicílio, desacelerou de 0,56% para 0,46%, em virtude das altas menos intensas do lanche e da refeição.

"Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado" explica André Almeida, analista da pesquisa.

Em Transportes, uma queda de 0,41% foi puxada por uma retração nos preços dos automóveis novos (-2,76%), dos automóveis usados (-0,93%) e combustíveis (-1,85%), incluindo quedas do óleo diesel, do etanol, do gás veicular e da gasolina. No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.

Programa de descontos para compra de veículos novos reduz preços
Segundo André Almeida, do IBGE, a redução nos preços dos automóveis está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal.

"Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados."

Já o grupo Habitação avançou 0,69%, influenciado pela alta da energia elétrica residencial (1,43%), seguida pela taxa de água e esgoto (1,69%). Em ambos os casos, houve reajustes aplicados em algumas áreas de abrangência da pesquisa. Por outro lado, houve queda nos preços de gás encanado (-0,04%), devido a reduções tarifárias, e do gás de botijão (-3,82%).

O grupo Saúde e cuidados pessoais, por sua vez, avançou 0,11%, influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde, decorrente de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Perspectivas
O mercado financeiro vêm reduzindo projeções para a inflação este ano. Agora, as estimativas já se aproximam do teto da meta de inflação estabelecida para 2023, que é de 4,75%. Especialistas acreditam que o IPCA vai encerrar o ano em 4,95%, contra 4,98% da semana passada. Há um mês, a projeção era de alta de 5,42% para este ano.

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