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Inflação

Puxada por alimentos e bebidas, inflação volta a subir em outubro, após três meses de deflação

Índice avançou 0,59% no mês. Em 12 meses, acumula alta de 6,47%

Inflação registrou alta de 0,59% em outubroInflação registrou alta de 0,59% em outubro - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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Depois de três meses de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação oficial do país, registrou alta de 0,59% em outubro. A alta foi puxada, principalmente, por alimentos e bebidas e veio acima das expectativas e juntos tiveram peso de 73% no indexador.

A projeção do mercado era de avanço de 0,48%, segundo analistas ouvidos pela Reuters. No ano, o índice está abaixo de 5%, mas, em 12 meses, acumula expansão de 6,47%, acima da meta do Banco Central, o que deve pressionar a instituição por manter os juros elevados.

O grupo alimentos e bebidas subiu 0,72%, bem acima do índice geral. Os preços da batata, cebola e tomate dispararam, elevando os custos com alimentação no domicílio. Contribuíram para a alta do IPCA também o salto da passagem aérea (de 27,38 em outubro) e os preços mais salgados do grupo vestuário, que subiram mais que o dobro da inflação (1,22%).

Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, explica que a alta dos alimentos neste período do ano não está relacionada a greve de caminhoneiros. Segundo ele, em manifestações anteriores percebe-se que a inflação é disseminada, ao contrário de outubro, em que ficou concentrado em alguns produtos relacionados às questões climáticas que diminuem a oferta em algumas regiões. Contudo, explica, mesma esta variação oscila conforme a região:

— A plantação do tomate é difusa no país. Em geral, teve alta, mas em São Paulo e Minas Gerais houve redução da oferta e o preço subiu. Em Recife, por exemplo, o preço caiu.

Já a justificativa para as passagens aéreas é a soma da retomada da demanda com a alta de custos do setor, com destaque para a quereosone de aviação (QAV). Os mesmos efeitos incidem ao setor de roupas e calçados cuja maior procura precisa ser equilibrada com o aumento de combustível e energia. Planos de saúde, lembra Kislanov, também afetaram os resultados de outubro, uma vez que houve reajuste para planos novos e antigos.

"Há um claro contraste, porque alimentação e transportes, os dois grupos de maior peso, tiveram variação negativa em setembro e altas em outubro", diz o pesquisador.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito tiveram alta no mês. Apenas comunicação teve queda, de 0,48%.

Com o índice voltando a subir, aumenta a pressão para que a Selic seja mantida em 13,75% até o fim do ano. Nas últimas duas semanas, analistas de mercado voltaram a elevar suas expectativas de inflação para 2022. A previsão é de 5,63%, mais baixa que no início do ano mas ainda acima da meta do Banco Central, de 3,5%, com variação de um ponto percentual para cima ou para baixo.

Alta do índice em outubro encerra o período de três meses de deflação. Ela acontece quando a cesta de produtos analisada pelo IBGE registra um preço menor em um mês, em relação ao mês anterior. Em setembro, isso aconteceu principalmente devido à redução nos preços dos combustíveis, com o corte do ICMS sobre esses produtos. Em julho e agosto, o índice também caiu.

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