PARCERIA

Jaboatão, com apoio do IPA, investe em projeto de desenvolvimento sustentável na agricultura local

Uma das primeiras ações é o registro dos agricultores familiares no CAF, documento imprescindível para acesso às políticas públicas direcionadas ao segmento

Kátia: "Vai ser muito mais fácil crescer e melhorar o negócio"Kátia: "Vai ser muito mais fácil crescer e melhorar o negócio" - Foto: Oziel Ferreira de Lima

A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, deu mais um passo à frente no projeto de desenvolvimento sustentável da agricultura local, iniciado em 2023, desta vez em parceria com o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). A primeira providência está sendo o registro de agricultores no Cadastro do Agricultor Familiar (CAF), emitido pelo IPA. O documento é imprescindível para o acesso dos agricultores e empreendedores familiares rurais às políticas públicas direcionadas ao segmento. Com essa iniciativa, o número de cadastrados já saltou de 23 para mais de 200 no município. 

A zona rural abrange 51% do território jaboatonense, com uma população de 15,6 mil pessoas, segundo o último censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Calcula-se, extraoficialmente, que desse total, pelo menos 6 mil são agricultores familiares. Com base nessas informações e ciente da pouca assistência que esses agricultores recebiam até então do poder público, a prefeitura e o IPA abriram um escritório do órgão na cidade. 

O município arca com as despesas do imóvel (aluguel, água, luz e internet) e o IPA cede os profissionais, que oferecem assistência técnica, trabalho de extensão e pesquisas aos agricultores.  “Uma das nossas propostas é universalizar o CAF, porta de entrada para agricultores, pescadores, marisqueiras etc. terem acesso às políticas públicas da agricultura familiar, como o Pronaf, o Crediamigo e o Agroamigo”, afirma o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural do IPA, Francisco Dantas.

Francisco Dantas (IPA)Dantas: "Uma das nossas propostas é universalizar o CAF"


De acordo com ele, há agricultores que têm pequenos negócios nas comunidades em que vivem, como uma bodega, podem ser beneficiados por uma linha de microcrédito do Banco do Nordeste (BNB), por exemplo, mas nem sabem que têm direito e nem como fazer para ter acesso. “Temos uma demanda grande de agricultores que ainda não têm o CAF aqui”, revela Dantas.

A área rural do Jaboatão conta com culturas diversificadas, que incluem fruticultura, hortaliças, tubérculos e raízes, além da piscicultura. A produção é para consumo próprio e para ser comercializada tanto nas feiras livres locais como no Ceasa. “Aqui tem, inclusive, hortaliças agroecológicas, que são vendidas em uma feira local, organizada pela prefeitura com a parceria do IPA”, lembra Dantas.

De acordo com a gerente de Agricultura e Pesca, órgão vinculado à Secretária municipal de Desenvolvimento Econômico de Jaboatão, Roberta da Fonte, a partir da necessidade prioritária dos agricultores, que é o CAF, a prefeitura formalizou o acordo de cooperação técnica com o IPA para que o instituto se aproximasse mais do município. 

“Para se ter uma ideia da importância do CAF para eles, além de muitos já fornecerem seus produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) ou iniciativa privada, por meio da cooperativa, temos também uma parceria com o BNB, e em dois meses já conseguimos a liberação de R$ 500 mil de crédito para eles. Uma agricultora, inclusive, comprou um trator”, revela Roberta.

A chegada de uma unidade do IPA ao Jaboatão tem como objetivo principal contribuir com a estruturação da rede sustentável de agricultura familiar no município, garantindo aos agricultores o acesso às políticas públicas com a preservação da identidade dos engenhos rurais. “A gente tem no município mais de 25 engenhos, com a grande maioria formada por famílias que vivem da agricultura”, lembra Roberta.

O projeto de desenvolvimento sustentável, que inclui, entre outras ações, a melhoria das estradas rurais para facilitar o escoamento da produção, teve início quando a Gerência de Agricultura e Pesca solicitou ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae-PE), por meio de um convênio firmado entre ambos, um diagnóstico, que deve ficar pronto ainda este semestre.  

“A gente bateu à porta não só do IPA, mas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Instituto de Terras e Reforma Agrária (Iterpe) e outros órgãos do Estado e da União, pedindo ajuda porque sabíamos que sozinhos não conseguiríamos fazer um projeto de desenvolvimento econômico sustentável da região, que é o nosso objetivo”, acrescenta. 

A agricultora Kátia Ferreira, que atua na área da piscicultura familiar, conta que que o apoio recebido pelo IPA tem impulsionado o trabalho dos agricultores. Kátia, que cultiva tilápia, pirarucu e surubim em cinco tanques escavados no terreno da residência dela, diz que o apoio no registro do CAF foi essencial. “Sem o CAF, a gente não consegue fazer nada para melhorar nosso negócio. Eu fui a primeira a fazer o CAF aqui, pela cooperativa”, afirma.

Para Kátia, o escritório do IPA no Jaboatão chegou em momento oportuno, uma vez que ela está querendo não só melhorar, mas aumentar a produção de peixes, além de diversificar os produtos, passando a oferecer, por exemplo, o filé de tilápia no portfólio de produtos. “Com esse apoio do IPA aqui perto da gente, vai ser muito mais fácil crescer e melhorar o negócio. Não sabíamos de muitas coisas, mas o pessoal do IPA está passando orientações técnicas para nós”, diz ela.

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