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ÁSIA

Japão revê política energética e prevê mais do que dobrar geração nuclear

Proposta diz que a energia nuclear deve responder por 20% da energia do país em 2040

 Tanques de armazenamento usados para armazenar água tratada na Usina Nuclear Fukushima Daiichi da TEPCO em Okuma Tanques de armazenamento usados para armazenar água tratada na Usina Nuclear Fukushima Daiichi da TEPCO em Okuma - Foto: Jiji Press/AFP

O governo do Japão está revendo sua política energética e prevê ampliar novamente o uso das plantas nucleares para conseguir acomodar a crescente demanda por energia, ao mesmo tempo que pretende cumprir as metas de descarbonização assumidas pelo país.

A decisão ocorre 13 anos após o desastre com a usina de Fukushima, que teve reatores afetados por um terremoto e um tsunami, em março de 2011.

A nova proposta diz que a energia nuclear deve responder por 20% do fornecimento de energia do Japão em 2040, em comparação com apenas 8,5% em 2023, enquanto o país pretende expandir as energias renováveis para 40% a 50% (ante 22,9% antes) e reduzir a energia movida a carvão para a faixa entre 30% e 40%, em comparação com quase 70% em 2023.

A demanda por energia de baixo carbono, como a renovável e a nuclear, está crescendo devido à demanda dos centros de dados que usam inteligência artificial e de fábricas de semicondutores em todo o país.

No fim de dezembro, um painel de especialistas comissionado pelo governo japonês apoiou amplamente a nova política de energia do país para os próximos anos, que exige o reforço das fontes renováveis até a metade das necessidades de eletricidade até 2040, maximizando o uso da energia nuclear.

O Ministério da Indústria apresentou minuta do plano para revisão final pelo painel de 16 membros, em sua maioria pró-nucleares, de empresas, acadêmicos e grupos civis. O texto prega a maximização do uso da energia nuclear, revertendo uma política de eliminação gradual adotada após a crise de derretimento na usina de Fukushima, que levou a um grande deslocamento de residentes e a um sentimento antinuclear persistente entre os japoneses.

O plano deve receber a aprovação do Executivo em março, após um período de consulta, e substituirá a atual política energética, que data de 2021.

Segurança energética
O ministro da Indústria, Yoji Muto, que participou da reunião do painel, disse que o Japão deve fortalecer sua segurança energética, sem depender muito de uma única fonte de geração.

"Como podemos garantir, a energia descarbonizada determina o crescimento futuro do Japão", disse Muto. "É hora de parar de discutir entre energia renovável e energia nuclear. Devemos maximizar o uso de energias renováveis e nuclear", completou ele

O Japão estabeleceu a meta de atingir zero emissões líquidas de gases que causam o aquecimento climático até 2050 e uma redução de 73% até 2040, em comparação com os níveis de 2013.

A minuta do plano de energia coloca as energias renováveis como a principal modalidade e pede o desenvolvimento de fontes de energia de última geração, como baterias solares e painéis solares portáteis.

O texto descreve vários cenários de risco, incluindo a possibilidade de investimento menor do que o esperado e aumento de custos em energias renováveis. No entanto, alguns especialistas disseram que o plano não apresenta uma perspectiva de viabilidade para 2040 ou um roteiro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

O plano também exige a aceleração da retomada dos reatores que atendem aos padrões de segurança pós-Fukushima e propõe a construção de equipamentos com novas tecnologias - em usinas onde os reatores existentes estão sendo desativados.

Ainda assim, para atingir a meta de 20% todos os 33 reatores viáveis no Japão teriam de ser reativados, sendo que apenas 14 voltaram a operar após o desastre de Fukushima. Considerando o ritmo atual das verificações de segurança realizadas pela autoridade de regulamentação nuclear, os especialistas afirmam que seria difícil atingir a meta.

Apesar das críticas e do ceticismo em relação à sua viabilidade, o Japão ainda mantém sua busca pelo desenvolvimento de reatores avançados e um programa de reprocessamento de combustível para alcançar um ciclo completo de combustível nuclear. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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