Jatinho, conversíveis e Veneza: empresário acusado da pirâmide de R$ 4 bilhões levava vida de luxo
Segundo PF, mais de um milhão de pessoas foram prejudicadas em cerca de 80 países
Acusado pela Polícia Federal (PF) de ser um dos chefes do esquema de pirâmide que causou prejuízo de R$ 4,1 bilhões a mais de um milhão de pessoas em oitenta países, o empresário Diego Chaves, fundador da Trust Investing, levava uma vida de luxo nas redes sociais.
No Instagram dele, que foi preso nesta quarta-feira (19) em São Paulo, há fotos em locais como Veneza (Itália), de motos e carros caros e até em jatinhos.
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Chaves incluía nas legendas mensagens que mesclam auto-ajuda com a persuasão que costumava lançar mão na hora de angariar investidores para sua corretora de investimentos.
"Eu acredito totalmente na sorte, e descobri que quanto mais trabalho, mais sorte tenho. O medo não é real (...) É um produto da nossa imaginação que faz com que tenhamos o medo de coisas que não existem no presente… E que talvez nunca chegue (sic) a existir. Eu não quero que você me entenda errado. O perigo sim existe e é de verdade. Mas o medo é uma escolha", escreveu Chaves, na legenda sob uma foto publicada no Instagram na qual posa com um anel de ouro onde se pode ver o logotipo da criptomoeda Bitcoin.
Em outra foto publicada, na qual aparece dirigindo um carro conversível, Chaves escreveu a legenda em espanhol, idioma de países onde a Trust Investing mantém investidores: "La invídia no se trata siempre de lo material. A veces la gente siente celos por tu PERSONALIDAD, TU ESPÍRITU, TU ENERGÍA, TU ESFUERZO y SOBRE TODO TUS GANAS DE SPERARTE A TI MISMO. (...) Créeme en los 2 últimos anõs la vida me enseño eso, y yo llevaré para toda mi vida", escreveu, em referência aos anos em que a empresa conseguiu enriquecer.
Ao posar sobre uma motocicleta BMW de corrida, Chaves também ensaiou palavras de auto-ajuda. "Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. #trustinvesting.official #nofinaltudodacerto".
A PF estima que o esquema de pirâmides tenha lesado financeiramente mais de 1,3 milhão de pessoas em 80 países, entre eles Cuba, Espanha e Estônia.
Além de Diego Chaves, outros dois fundadores da corretora Trust Investing foram alvos de mandados de prisão preventiva nesta quarta-feira. Fabiano Lorite de Lima, fundador e diretor de Marketing da empresa, foi preso no Tocantins.
O terceiro sócio, Cláudio Barbosa, não havia sido localizado até às 11 horas desta quarta. Chaves e Lorite aguardam a audiência de custódia na 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande.
– Todos os processos estão em segredo de Justiça. O Cláudio, até o primeiro momento, não está foragido. Tem a apreensão do Fabiano, a apreensão do Diego, ambos em estados diversos. Mais informações nós vamos prestar no final do dia – disse a advogada Talesca Campara, que defende Cláudio e Fabiano.
A operação é o desfecho de uma investigação que começou em agosto do ano passado, quando Cláudio Barbosa e Fabiano Lorite foram presos pela Polícia Rodoviária Federal enquanto dirigiam rumo à cidade de Coronel Sapucaia, na fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Os policiais encontraram no porta-malas do carro de luxo mais de R$ 500 mil em esmeraldas, além de uma nota fiscal considerada "inidônea" pela PF. Ambos foram presos por falsidade ideológica.
Mais de um ano depois, o trio entrou na mira da PF de Mato Grosso do Sul, que comanda a investigação. Os agentes apreenderam carros de luxo, pacotes de esmeraldas, joias, pingentes no formato da logomarca da criptomoeda Bitcoin, dinheiro e relógios. As autoridades estimam que o prejuízo seja de R$ 4,1 bilhões.
Em junho, o investigado Diego Chaves participou da 7ª Feira Internacional das Esmeraldas, que foi realizada em Campos Verdes, Goiás. O evento contou com a participação de Ronaldo Caiado, governador do estado. Na ocasião, Chaves posou ao lado do prefeito e de secretários estaduais.
O músico e empresário Patrick Abrahão foi preso nesta quarta-feira na mesma operação. Casado com a cantora Perlla, Abrahão foi preso em casa, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. As informações são do portal G1. Ele é investigado por crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato.