Fiesp

Josué Gomes e grupo de Skaf negociam fim da disputa de poder na Fiesp

Uma reunião entre Josué e Skaf, incluindo membros do grupo oposicionista ocorreu na tarde desta quinta-feira (26) na sede da Fiesp.

Sede da FiespSede da Fiesp - Foto: Divulgação

Após meses de enfrentamento com entidades patronais do grupo político de Paulo Skaf, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, costura um acordo que encerraria a tentativa de destituição do dirigente.

Uma reunião entre Josué e Skaf, incluindo membros do grupo oposicionista, como André Sturm, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (Sindcine).  A mais recente delas ocorreu na tarde desta quinta-feira na sede da Fiesp.

A contrapartida de Josué seria dar maior poder aos sindicatos patronais na composição de estruturas de poder na entidade, em especial nos 14 conselhos superiores.

A costura se deu a partir de um aceno de última hora dado por Josué Gomes no dia 23 de janeiro a cerca de 50 dirigentes de ao menos 33 sindicatos patronais, a maioria de seu grupo de apoio, em uma reunião dos chamados comitês de aprimoramento da governança da Fiesp.

A reunião foi uma tentativa de Josué de se manter no mandato após ter sofrido derrotas em série para o grupo oposicionista.

Na ocasião, o empresário não citou o movimento de oposição, mas afirmou que quer buscar o diálogo e dar mais voz às entidades na composição dos conselhos superiores. O gesto foi visto por lideranças como um possível aceno e uma mudança em relação à postura que Josué manteve ao longo da disputa, de não se reunir com o grupo que questionava seu estilo de gestão à frente da entidade.

Após o dia 23 de janeiro, Josué procurou pessoalmente interlocução com o grupo próximo a Skaf e estabeleceu conversas para evitar uma judicialização da disputa de poder. A expectativa de dirigentes que conversaram com O Globo sob condição de anonimato é de que o tema seja pacificado ainda nesta quinta-feira.

Como se sabe, os dirigentes próximos a Skaf, a maioria formada por sindicatos patronais de diminuto peso econômico mas direito a voto na Fiesp, reclamava há meses de ter perdido poder na entidade e da falta de uma interlocução direta com o novo presidente.

O grupo, que tem integrantes notoriamente bolsonaristas, também se irritou com a atuação de Josué Gomes de impulsionar o manifesto pró-democracia lido na Faculdade de Direito da USP em 11 de agosto do ano passado. O argumento era de que as entidades filiadas à Fiesp não teriam dado aval a manifestações políticas, ainda que o texto não citasse nominalmente o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Josué Gomes assumiu o cargo na Fiesp em janeiro de 2022 eleito em uma chapa única promovida por Paulo Skaf, que presidiu a entidade por 17 anos. Simpatizante de Jair Bolsonaro, Skaf teria ficado especialmente contrariado com a postura política de Josué, que além de costurar o texto lido na USP, também recebeu o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na entidade para um almoço não previsto na agenda.

A partir do episódio, a relação entre Josué e Skaf azedou e o ex-presidente da entidade passou a fomentar o movimento de oposição, que impôs derrotas sucessivas a Josué. A mais recente foi uma votação com sindicatos patronais realizada em 16 de janeiro que, por 47 votos a 3, decidiu pela derrubada do empresário.

A votação ocorreu no mesmo dia em que Josué buscou demonstrar força ao receber na entidade o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin (PSB).

Josué, seus aliados e seu advogado, Miguel Reale, negam a validade jurídica da votação que buscou destituí-lo, realizada sem a presença do dirigente e com quórum esvaziado após uma assembleia que discutiu questionamentos do grupo ligado a Skaf. No entanto, a disputa ainda não chegou à Justiça.

No dia 20 de janeiro, oposicionistas enviaram e-mails a funcionários e dirigentes da Fiesp nos quais informavam que Elias Miguel Haddad, de 95 anos, um dos 24 vice-presidentes da entidade, assumiria o mandato em razão da derrubada de Josué. Com isso, a entidade passou a ter, na prática, dois presidentes.

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