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Macroeconomia

Juros altos se mantém, mas sem aumentos à vista: Fed tranquiliza os mercados

O órgão destacou a "ausência de novos avanços" para sua meta de inflação de 2% anual, em um contexto de recuperação dos preços ao consumidor.

Presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome PowellPresidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell - Foto: Mandel Ngan/AFP

O Federal Reserve  (Fed, banco central) americano manteve, nesta quarta-feira (1º), os juros de referência na faixa entre 5,25% e 5,50%, o nível mais alto em mais de duas décadas, mas seu presidente, Jerome Powell, tranquilizou o mercado ao descartar a possibilidade de um próximo aumento.

Depois de dois dias de reunião de seu Comitê de Política Monetária (FOMC), o Fed destacou a "ausência de novos avanços" para sua meta de inflação de 2% anual, em um contexto de recuperação dos preços ao consumidor.

E embora Powell tenha afirmado que será preciso "mais tempo do que o esperado" para acreditar em uma queda da inflação nos Estados Unidos, garantiu ainda que é "improvável" que haja um novo aumento dos juros.

Na coletiva de imprensa ao término da reunião, o presidente do Fed considerou "pouco provável que o próximo movimento das taxas seja de alta", já que a política monetária é "suficientemente restritiva" no longo prazo.

E Wall Street, que se manteve hesitante durante todo o dia, disparou após as palavras de Powell, para depois fechar com resultados mistos: o índice Dow Jones subiu 0,23%, o tecnológico Nasdaq perdeu 0,33% e o S&P 500 cedeu 0,34%.

Além disso, o FOMC assinalou que, a partir de junho, começará a reduzir mais lentamente seu volume de ativos em carteira, um movimento que anuncia um começo de flexibilização da política monetária.

O Fed havia aumentado sua participação durante a pandemia para inundar o mercado de liquidez e sustentar a economia. Depois, na medida em que elevava suas taxas de juros, começou a se desfazer de títulos do Tesouro, retirando, assim, dinheiro do mercado.

Manter os juros altos supõe desincentivar o crédito que alimenta o consumo e os investimentos, e com isso reduzir as pressões sobre os preços para conter a inflação. Em geral, qualquer movimento que reduza a liquidez na economia tende a frear o aumento dos preços.

Expectativa e realidade 

Até há pouco tempo, os mercados tinham a expectativa de ver uma redução das taxas de juros a partir de junho. Agora, a expectativa é para setembro, ou até mesmo novembro, segundo a informação compilada pelo CME Group.

"O momento do primeiro corte nos juros dependerá de uma moderação duradoura da inflação", destacou Nancy Vanden Houten, economista da Oxford Economics.

A mensagem é que "os cortes serão adiados, mas não anulados", ressaltou, por sua vez, Kirshna Guha, economista da Evercore, uma assessoria de investimentos.

O primeiro trimestre de 2024 mostrou o que o Fed esperava desde o momento em que começou a elevar os juros há dois anos: uma moderação do crescimento do PIB americano, depois de um 2023 com expansão superior à prevista.

O crescimento da economia americana foi mais fraco que o previsto no primeiro trimestre, de 1,6% contra 3,4% do quarto trimestre de 2023, segundo a primeira estimativa do Departamento de Comércio, difundida na quinta-feira passada.

Os analistas esperavam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% entre janeiro e março, segundo o consenso do Market Watch. Os Estados Unidos publicam seu crescimento com uma taxa anualizada, que compara o PIB com o do trimestre anterior e, em seguida, projeta a variação para todo o ano ao ritmo desses três meses.

Na comparação com o último trimestre de 2023, a economia cresceu apenas 0,4% no primeiro trimestre do ano.

Mas a inflação se recuperou nos últimos meses. Retomou sua tendência de alta em março e chegou a 2,7% em estimativa anual contra 2,5% em fevereiro, segundo o índice PCE, o preferido do Fed.

Os analistas esperavam em aumento dos preços a 12 meses de 2,6%, segundo o consenso recolhido pela firma MarketWatch.

Na medição mês a mês, em troca, a inflação se manteve com uma variação de 0,3%, em linha com o esperado pelos analistas, o que tranquilizou o mercado.

A inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis de alimentação e energia, também se manteve em 0,3% na comparação mês a mês e em 2,8% nos 12 meses, um dado que também é positivo para os mercados.

Outro índice de inflação, o CPI, de preços ao consumidor, também se recuperou no mês passado, para 3,5% em 12 meses.

O mercado de trabalho segue forte. Os dados oficiais de abril serão divulgados na sexta-feira, mas, de antemão, noticiou-se hoje que o setor privado gerou menos vagas em abril do que em março, embora mais do que o previsto: 192.000.

 

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