Juros cobrados de famílias e empresas atingem o maior patamar desde 2017, diz Banco Central
Para famílias a taxa média de juros alcançou 58,3% ao ano, alta de 10 pontos percentuais
Dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (29) apontam que a taxa média de juros cobrada por instituições financeiras avançou para 44,23% ao ano, até o mês de fevereiro. É o maior nível desde agosto de 2017, quando este patamar estava em 45,59%. Os dados consideram taxas médias para famílias e empresas negociadas livremente entre bancos e clientes.
Especificamente para as empresas, a taxa média de juros subiu para 24,2% ao ano, alta de 2,7 pontos porcentuais em doze meses. Para famílias, esse nível é o dobro - a taxa média de juros alcançou 58,30% ao ano, elevação de 10,2 pontos percentuais em doze meses. É o maior patamar para pessoas físicas desde outubro de 2017, quando a taxa estava em 58,85%.
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Um dos efeitos dos juros elevados é o endividamento das famílias com bancos e instituições financeiras. Até janeiro de 2023, a inadimplência estava em 48,8%, alta de 1 ponto percentual em 12 meses, segundo do dados do BC.
Segundo os dados divulgados nesta quarta-feira, o volume total de crédito concedido em fevereiro foi de R$ 421,8 bilhões. Houve um aumento de R$ 21,2 bilhões em relação ao mesmo mês do ano passado. Os dados, contudo, já indicam uma desaceleração. O aumento de fevereiro de 2021 comparado com fevereiro de 2022 foi de R$ 87,7 bilhões, por exemplo.
A partir do segundo semestre tem uma desaceleração do crédito. Isso significa que o crédito continua crescendo, porém em volumes menores. E no segundo semestre do ano passado, é um momento da própria desaceleração da atividade econômica como um todo. E o ciclo de aperto também contribui para a desaceleração do crédito, diz o chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, em coletiva à impresa nesta quarta-feira.
Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), argumenta que os dados divulgados pelo BC atestam "claramente" que o ciclo de "queda na oferta e da demanda de crédito foi acentuado":
As razões são muitas. Há a inflação elevada; o efeito do forte aperto monetário; um fim das antecipações de caixa, fundo de garantia, 13º e todos os outros incentivos [ao consumo] do período eleitoral que foram esgotados; um endividamento elevado que limita a capacidade de absorção de crédito, etc., cita