Juros dependem de equilíbrio fiscal, diz Campos Neto
O projeto de autonomia financeira do BC tramita hoje (22) no Congresso, mas há a oposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda, 21, que medidas para equilibrar as contas públicas são importantes para a política monetária, uma vez que a falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta. Para que possa haver juros mais baixos, afirmou ele, é preciso um choque fiscal positivo.
"Isso é muito importante para nós, no BC, para sermos capazes de diminuir os juros de forma sustentável. Porque, no fim, nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando existe uma percepção de que o fiscal está desancorado", afirmou ele, em evento em São Paulo.
O presidente do BC repetiu que, no mercado, parece haver alguma desconfiança sobre a capacidade de o novo arcabouço fiscal entregar as metas propostas. Campos Neto citou a sinalização, dada pelo Ministério da Fazenda, de medidas de corte de gastos após as eleições, o que, segundo ele, seria positivo para o BC. Ele também voltou a dizer que, sempre que foi possível conviver com juros menores de forma sustentável no País, isso ocorreu por causa de um choque fiscal positivo.
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Autonomia
Com mandato só até dezembro, Campos Neto defendeu também que a autonomia financeira do BC. "Você precisa ter autonomia operacional, você precisa ter autonomia administrativa e você precisa ter autonomia financeira", disse ele, citando notas do avô, Roberto Campos. "E ele tinha uma nota abaixo disso, dizendo que o risco de não ter uma é acabar com nenhuma."
O projeto de autonomia financeira do BC tramita hoje no Congresso, mas há a oposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante do impasse, o relator do texto, senador Plínio Valério (PSDB-AM), já disse que a votação só deve acontecer no próximo ano.