GatoMídia e TALES

Laboratório gratuito de games abre inscrições para jovens negros e indígenas de todo o país

Podem participar pessoas entre 15 e 29 anos com conhecimentos de design e programação

Foto: Pexels

Como forma de impulssionar a presença de jovens negros, indígenas e de periferias do Brasil na área da tecnologia, os coletivos GatoMídia e TALES estão com inscrições gratuitas abertas para o LAB Afro-ameríndio Narrativas Gamificadas.

Voltado para o aprendizado e criação de jogos eletrônicos, o projeto inédito é aberto para pessoas entre 15 e 29 anos, que atuam com design, audiovisual, artes visuais, mídias digitais ou que tenham um conhecimento básico de programação. As inscrições vão até o dia 3 de setembro, através do formulário.

O Laboratório Permanente Afro-ameríndio atua no ensino em rede e na produção criativa em linguagens visuais, imersivas e tecnológicas com foco em grupos sociais minorizados (mulheres, LGBTQIAPN+, pessoas negras e indígenas). O objetivo central do projeto é ajudar a reparar as disparidades sociais, visto que, no Brasil, apenas 31,5% das pessoas que atuam na área da tecnologia são mulheres e 36,9% são negros, segundo pesquisa do PretaLab. Os povos originários são ainda mais excluídos: representam apenas 0,3% do setor.

— É importante combater a ideia de que a produção de tecnologia deva ser privilégio ou prerrogativa de uma elite social ou econômica. Acreditamos que a raiz de toda tecnologia está intrinsecamente ligada à cultura e a saberes ancestrais. Por isso, alcançar o universo da tecnologia e da criação de games será mais uma consequência desse protagonismo — afirma o Coordenador Pedagógico do GatoMídia, João Araió.

LAB terá oficinas e criação de games
O LAB terá início em 12 de setembro, com duração de três meses, e será dividido em quatro ciclos criativos, que abordarão desde a teoria até a criação real de um jogo. Neste período, o participante terá acesso a masterclasses, oficinas e mentoria de desenvolvimento de games baseados em narrativas orais e cosmologias de culturas indígenas e afro-brasileiras. Todo o curso será online, pelo Zoom, e terá aulas abertas no YouTube do TALES.

A partir do primeiro ciclo, os participantes vão se dividir em times e começar a trabalhar no seu jogo. Durante o LAB, os processos criativos serão divididos em linguagens: storytelling, design e programação. Ao fim, serão realizados pitches e mentoria com profissionais da área e estúdios de games, que vão ajudar na elaboração do protótipo digital de cada produto.

O LAB será conduzido por profissionais renomados e engajados com a luta antirracista. Entre eles, a pesquisadora de literatura indígena Trudruá Dorrico, povo Macuxi; o roteirista e escritor Renato Noguera; a designer gráfica, ilustradora e grafiteira Auá Mendes, do povo Mura; a artista carioca e “sampleadora visual” Amora Moreira; e diretor de tecnologia e cofundador da startup HIT Jonas Alves. A equipe da Aoca Game Lab, de Salvador (BA), que desenvolveu o jogo Árida, também está entre os colaboradores.

Ex-aluna do GatoMídia, na primeira edição do LAB Afro-ameríndio, a comunicadora indígena Tainá Barral, de Belém do Pará, conta que o projeto audiovisual foi um impulsionador em sua carreira, além de ter ajudado a dar visibilidade à cultura dos povos originários do Norte do país.

— Eu pude expor a minha arte e ainda participei de formação de jovens e crianças do meu território, ensinando sobre colagens. No GatoMídia aprendi sobre Afropresentismo e sobre a importância, justamente, de sermos representados — relata Tainá.

Jogos atenderão público infantil
Para além de ensinar gamificação e aproximar jovens da área de tecnologia, a proposta de criação dos jogos é gerar impacto social e transformar infâncias por meio da educação ambiental, da auto afirmação de suas identidades e pertencimento. Por isso, os games desenvolvidos serão voltados ao público infantil +8 (acima dos 8 anos).

Os protótipos terão a oportunidade de ser pós-produzidos e implementados na plataforma de games educacionais World of Us, gerenciada por TALES, iniciativa presente em quatro continentes.

— Muitas pessoas enfrentam as consequências do racismo algorítmico e a causa disso, por grande parte, é a falta de uma perspectiva plural no desenvolvimento dessas tecnologias. Precisamos mudar isso criando um mercado de trabalho mais representativo, que inclua diferentes vozes e ideias inovadoras. Investir em programas de capacitação é fundamental para melhorar esse cenário ao longo do tempo. É um prazer contribuir com o trabalho do GatoMídia e realizar juntos esse laboratório. O futuro promete — avalia a Diretora de Estratégias Globais da TALES, Tainá Moreno.

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