Leilão de parte da coleção de arte da Renault gera polêmica na França
Christie's está leiloando 33 obras de artistas do século XX
Um leilão de obras de arte do século XX do acervo do grupo automobilístico Renault, marcado para esta quinta-feira (6) em Paris, está causando polêmica entre artistas e herdeiros.
A Christie's está leiloando 33 obras de artistas como Victor Vasarely, Jean Dubuffet, Robert Rauschenberg, Sam Francis, Niki de Saint-Phalle, Jean Tinguely, Jean Fautrier, Tapiès, Pierre Alechinsky, Miró, Calder, Jesús Rafael Soto e Julio Le Parc, assim como desenhos de Henri Michaux.
A estimativa global está entre "4,5 milhões e 6,5 milhões de euros" (entre 25,8 e 37,3 milhões de reais), disse à AFP Paul Nyzam, chefe do departamento de pós-guerra e arte contemporânea da Christie’s.
"É uma traição ao espírito desta coleção (composta por 550 peças), claramente destinada aos colaboradores da empresa e ao público em geral através de exposições, e aos artistas que só aceitaram colaborar com a Renault porque não deveria ser dispersada ou revendida", denuncia Delphine Renard, filha do especialista Claude-Louis Renard, à AFP.
Leia também
• Conab compra 263,3 mil toneladas de arroz importado em leilão
• Leilão: TRF-4 derruba liminar e leilão de arroz está mantido
Claude Renard foi o responsável, dentro do grupo Renault, pela criação desta primeira coleção de mecenato industrial na França na década de 1960.
"Naquela época, os contratos com os artistas estipulavam que as suas obras não deveriam ser objeto de qualquer publicidade ou operação comercial", sublinha Renard, que pediu à ministra da Cultura, Rachida Dati, que impedisse a venda.
Em uma coluna recente publicada no jornal Le Monde, 15 artistas e representantes de vários espólios, incluindo os de Niki de Saint-Phalle e Jean Tinguely, afirmam que se opõem "categoricamente" à "dispersão de uma parte importante desta coleção".
"Será colocado à venda apenas um fragmento, ou seja, 10% do acervo composto por 350 obras, incluindo uma série de estudos de Vasarely dedicados ao famoso losango da marca, além de um fundo fotográfico de 200 peças, guardado em um armazém e que não são vistos pelo público em geral há cerca de trinta anos", explicou o grupo à AFP.
A Renault garantiu que criará um fundo para preservar e expor o restante das obras, assim como para apoiar a arte urbana atual. O grupo inspirou-se nas fundações filantrópicas de grandes magnatas e empresas americanas para promover o seu trabalho de mecenato.