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África

Longe de Kiev, África enfrenta consequências econômicas da guerra na Ucrânia

Países como Nigéria, maior produtor de petróleo do continente, deve importar parte de seu combustível pela falta de capacidade de refino

Vendedores de beira de estrada exibem inhame e frutas à venda em Lagos, capital comercial da Nigéria, em 14 de março de 202Vendedores de beira de estrada exibem inhame e frutas à venda em Lagos, capital comercial da Nigéria, em 14 de março de 202 - Foto: Pius Utomi Ekpei / AFP

Da Nigéria ao Malauí, a África já sofre com o aumento dos preços dos alimentos e da energia como resultado da invasão russa da Ucrânia, aumentando o medo de aprofundar a pobreza no continente.

Custando mais de US$ 100 o barril, os preços do petróleo atingiram seu nível mais alto em dez anos no início da guerra, dobrando de valor. As preocupações com a segurança alimentar também estão aumentando, já que a Ucrânia e a Rússia são importantes fornecedores de grãos.

E com as sanções contra Moscou, o preço dos fertilizantes disparou, uma nova ameaça aos preços dos alimentos.

Para Julius Adewale, um padeiro nigeriano, o aumento dos preços dos combustíveis é um desastre. Como muitas pessoas, depende de geradores a gasolina, já que a rede nacional fornece eletricidade apenas por algumas horas por dia.

"Desde ontem não há eletricidade e estamos funcionando com o gerador", lamenta Julius em sua padaria em Lagos, a capital econômica. "O custo de produção aumentou consideravelmente", acrescenta.

A Nigéria é o maior produtor de petróleo da África, mas devido à falta de capacidade de refino, deve importar parte de seu consumo de combustível.

Várias companhias aéreas locais anunciaram recentemente que cancelariam voos devido à escassez de combustível, cujo preço dobrou.

Diferentes consequências

A guerra na Ucrânia terá consequências econômicas diferentes dependendo dos países africanos, explica Amaka Anku, analista da consultoria Eurasia Group.

Menciona primeiro a inflação para importadores de matérias-primas ou petróleo, como a Nigéria, que também subsidia o combustível, aumentando um pouco mais seu déficit.

Outros, como Gana, altamente endividado, terão que lidar com linhas de crédito mais altas, estima Anku.

No entanto, a longo prazo, países produtores de gás, como Tanzânia, Senegal ou Nigéria, podem se beneficiar do declínio nas importações europeias de gás russo, afirma Danielle Resnick, da Brookings Institution.

"Apesar dessas possibilidades, no curto prazo, a invasão da Ucrânia pode trazer dificuldades para as famílias africanas, o setor agrícola e a segurança alimentar", insiste.

Especialmente na Etiópia, onde 20 milhões de pessoas afetadas pela seca e pelo conflito precisam de ajuda alimentar.

O Quênia, a terceira maior economia da África Subsaariana, normalmente importa 20% de seus grãos da Rússia e outros 10% da Ucrânia, segundo dados oficiais.

Em Uganda, os preços de sabão, açúcar, sal, óleo de cozinha e combustível estão subindo, segundo o governo.

Preocupado com a inflação alimentada pela invasão russa da Ucrânia, o banco central d ilha Maurício elevou sua taxa de juros para 2%, a primeira desde 2011. No Malawi, os preços do pão e do óleo de cozinha subiram 50%.

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