Lucro da Samsung desaba 69% com demanda menor por smartphones e chips
Resultado da maior empresa da Coreia do Sul, de US$ 3,4 bi, ficou abaixo do esperado pelos analistas
O lucro operacional da Samsung caiu 69%, para US$ 3,4 bilhões (o equivalente a 4,3 trilhões de wons) nos três meses encerrados em dezembro passado, abaixo das estimativas dos analistas, em um sinal de que a desaceleração econômica global pode estar prejudicando a demanda por eletrônicos.
Leia também
• Multas milionárias colocam modelo econômico da Meta na Europa à prova
• Oi bate recorde e ativa em um mês 20 novas cidades com fibra ótica
• Samsung lança sua versão da Alexa, o SmartThings, com preço de US$ 80
A maior empresa da Coreia do Sul tem lutado com a fraca demanda por chips de memória, smartphones e telas, enquanto os consumidores reduzem os gastos em meio às altas taxas de juros e inflação.
Somando-se aos problemas de demanda, a Apple, um dos maiores clientes da Samsung para telas e chips de memória, sofreu atrasos na produção no complexo de sua principal fornecedora, a Foxconn, na cidade chinesa de Zhengzhou, apelidada de iPhone City, em meio a um surto da Covid no país que provocou até um levante de trabalhadores contra um lockdown imposto pelo governo. A fábrica de Zhengzhou produz a grande maioria dos aparelhos iPhone 14 Pro e Pro Max.
As vendas caíram para US$ 54,7 bilhões (70 trilhões de won), de acordo com um comunicado da empresa. A Samsung deve fornecer uma demonstração financeira completa com lucro líquido e informações sobre o desempenho da divisão no dia 31 deste mês.
Os números preliminares sombrios estão aumentam a pressão sobre a Samsung, a maior fabricante de chips de memória do mundo, para mudar sua estratégia e reduzir sua produção e investimentos.
A Samsung tem insistido que não tem planos de cortar os investimentos ou a oferta, mas a rápida deterioração da demanda e da lucratividade significam que a empresa pode ser forçada a considerar o impensável, ou seja, cortes na produção de chips, disse Sanjeev Rana, analista da CLSA.
Depois de aumentar a produção para níveis recordes com o objetivo de atender ao aumento da demanda na era da pandemia, os fabricantes de chips tiveram que reduzir a produção e cortar custos para lidar com a queda nas vendas.
Fabricantes de chips de memória, incluindo a Micron Technology, disseram que não esperam uma recuperação até o segundo semestre deste ano e reduziram os orçamentos para novos equipamentos e fábricas e cortaram custos. A Micron alertou ainda que seria difícil voltar a ter lucro este ano, anunciando uma redução de 10% em sua força de trabalho, bem como mais cortes nas despesas de capital. A Hynix disse que cortaria seus investimentos pela metade em 2023.
A Samsung havia dito que não tinha planos imediatos de cortar a produção. Desde então, no entanto, as quedas nos preços dos chips se aceleraram à medida que a concorrência por clientes se intensificou.
A empresa viu quedas de preços maiores do que o esperado e acrescentou que “as vendas e a receita de smartphones diminuíram devido à demanda fraca resultante de problemas macroeconômicos prolongados”.
A crise no mercado de semicondutores foi agravada pelas sanções dos Estados Unidos a exportações de alguns tipos de chips para a China, prejudicando a demanda dos principais clientes da Samsung. As vendas de chips na Coreia do Sul - um indicador da demanda global por tecnologia - caíram 29% em relação ao ano anterior em dezembro, na quinta queda mensal consecutiva.