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Lucro do Banco do Brasil tem nova queda no 2º tri com aumento das reservas para calotes

Em relação aos primeiros três meses deste ano, o recuo foi de 2,5%

Banco do BrasilBanco do Brasil - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Banco do Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,3 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma queda de 25,3% em relação a igual período de 2019. Em relação aos primeiros três meses deste ano, o recuo foi de 2,5%. A queda no resultado veio mais uma vez em função da maior reserva contra calotes, que subiu 42,4%, para R$ 5,9 bilhões. No primeiro trimestre, o BB já havia aumentado suas provisões em 63,3%, para R$ 5,5 bilhões -movimento que levou o lucro do período para R$ 3,4 bilhões, queda de 20,1% na mesma relação.

O Banco do Brasil é o último dos quatro grandes bancos de capital aberto do país a divulgar seu resultado do primeiro trimestre. O resultado do banco público também acompanha o de seus pares privados: Bradesco, Itaú e Santander também demonstraram lucros menores no segundo trimestre devido às maiores reservas para calotes.

A alta das provisões acontece como forma de prevenção contra um possível crescimento na inadimplência nessas instituições, decorrentes da crise do coronavírus.

Segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (6), o principal motivo para o aumento das provisões no período foram as perdas por imparidade (redução do valor de um ativo), que demonstrou uma baixa de R$ 1,3 bilhão -o triplo do registrado no segundo trimestre de 2019.

Segundo o banco, o aumento aconteceu no segmento de grandes empresas por ativos que já eram classificados como problemáticos.

No caso do BB, as perdas com imparidade agrupam as perdas permanentes em títulos e valores mobiliários, as despesas com reservas por imparidade e o resultado negativo de operações de venda ou transferência de ativos financeiros. Parte do resultado também está atrelada às concessões de crédito feitas pelo banco - que também incluem a prorrogação de prazos de pagamentos e as renegociações feitas para conter os efeitos da crise.

A carteira de crédito do BB ficou em R$ 721,6 bilhões, um aumento de 5,1% em relação ao segundo trimestre de 2019. No período, os empréstimos para pessoas físicas registraram alta de 6,6%, para R$ 218 bilhões, enquanto o crédito para empresas subiu 5,3%, para R$ 271,4 bilhões. O crédito voltado para o agronegócio subiu 1,1%, para R$ 186,8 bilhões.
Em relação ao primeiro trimestre, no entanto, a carteira de crédito do banco público teve queda de 0,5%.

"Dado o atual cenário da pandemia, algumas linhas de negócios foram impactadas negativamente no trimestre", afirmou o banco em relatório, explicando que a redução na carteira de pessoas físicas e jurídicas pode ser explicada principalmente pelo menor consumo com cartão de crédito.

"O menor consumo com cartão de crédito pelas famílias impactou também as linhas de recebíveis das empresas, que caíram 40,9%", escreveu o BB.

O banco afirma também que as renegociações e prorrogações de prazos como forma de conter os impactos do coronavírus também influenciaram em uma redução da inadimplência observada pelo banco até agora.

Os grandes bancos ofertaram a possibilidade de prorrogar operações de crédito por até 180 dias diante da crise. No caso do BB, o saldo das operações de crédito prorrogadas totalizou R$ 71,8 bilhões em junho, o que representa 11,6% da carteira de crédito interna do banco.
 


Desse total, 98,4% das operações possuem boa avaliação de risco de crédito e 98,8% não tinham histórico de atraso nos últimos 12 meses. Além disso, 69,1% estão atreladas a garantias e mitigadores de risco. O tempo médio de relacionamento dos clientes que prorrogaram operações é de 14,3 anos.

Segundo o banco, de 16 de março a 30 de junho, foram registrados mais de R$ 171 bilhões em desembolsos, incluindo novas operações, renovações, prorrogações e renegociações

O índice de atrasos acima de 90 dias do banco público ficou em 2,84%, queda de 0,41 p.p. (ponto percentual) em relação ao segundo trimestre de 2019.

A redução da demanda por produtos e serviços bancários, somada às consecutivas quedas da taxa básica de juros (Selic), hoje em 2% ao ano, também foram responsáveis por uma redução de 6,4% nas receitas com tarifas do banco, para R$ 7 bilhões.

A maior queda nos ganhos com tarifas do banco veio com das receitas com mercado de capitais, que caíram 59,2% no período. Serviços de comércio exterior e processamento de convênios também estavam entre as maiores reduções do período, de 24,4% e 23,4%, respectivamente.

"No médio prazo, as receitas com prestação de serviços apresentam desafios pelos próprios movimentos da indústria financeira, entretanto, a administração do banco vem buscando desenvolver novo portfólio de produtos e serviços e novas formas de rentabilizar o relacionamento com seus clientes, seja pelo aumento de consumo de produtos e serviços ou pelo desenvolvimento de novos modelos de negócios", afirmou o banco em nota.

A margem financeira líquida (receita com operações de crédito) do banco ficou em R$ 8,6 bilhões, queda de 7%.
Este é o último balanço do banco na gestão de Rubem Novaes, que entregou seu pedido de renúncia ao cargo no final de julho. O executivo André Brandão, do HSBC, deve assumir o lugar de Novaes na presidência do BB.

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