BRASIL

Lula cobra iFood por acordo com trabalhadores de app: 'Dizem que o dono é um baiano simpático'

Foi anunciado nesta semana projeto de lei para regulamentar o trabalho de motoristas de carros por aplicativos

Motociclista entregador de aplicativo Motociclista entregador de aplicativo  - Foto: Divulgação/iFood

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar a entregas iFood para entrar no acordo de regularização dos trabalhadores da plataforma, conforme as sugestões no projeto de lei apresentado no início da semana. Por enquanto, a proposta é válida apenas para motoristas de carros, como Uber e 99. Os entregadores de moto e bicicleta seguem sem previsão de inclusão em direitos trabalhistas.

– Falta a gente cuidar do iFood. Companheiro Rui Cost (ministro da Casa Civil), é lá da Bahia o dono (do iFood), companheiro Jerônimo (Rodrigues, governador da Bahia), deve ser seu amigo o dono do iFood. Dizem que é um baiano simpático, mas está regulando e relutando em fazer um acordo. Jaques (Wagner, senador pela Bahia) está ali rindo. Vocês três (Rui, Jerônimo e Jaques) têm a obrigação de fazer esse companheiro entrar no jogo – disse Lula.

O presidente ainda afirmou que o projeto de lei deve ser aprovado rapidamente pelo Congresso Nacional e espera que seja por uma margem grande de votos.

– Eu espero que a gente tenha uma margem maior de voto, para que possamos ter uma folga e aprovarmos isso definitivamente.

O texto cria a figura do trabalhador autônomo por plataforma, afastando o vínculo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A proposta prevê contribuição ao INSS, auxílio-maternidade e pagamento mínimo por hora de trabalho no valor de R$ 32,10. O texto prevê que a jornada de trabalho em uma mesma plataforma não pode ultrapassar 12 horas diárias. Os trabalhadores devem realizar ao menos 8 horas diárias para ter acesso ao piso da categoria.

Ao assinar nada segunda-feira o projeto de lei que cria um pacote de direitos para motoristas de aplicativos de transporte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o iFood. O governo responsabiliza a empresa de entregas pela falta de acordo para regulamentação do trabalho dos entregadores.

— O iFood nao quer negociar, mas vamos encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar pra fazer aquilo que vocês (motoristas) fizeram — disse o presidente.

O iFood disse em nota, no dia, que participou ativamente do Grupo de Trabalho Tripartite (GT) e negociou um desenho regulatório para os entregadores até o seu encerramento.

"A última proposta feita pelo próprio Ministro Marinho (do Trabalho), com ganhos de R$17 por hora trabalhada, foi integralmente aceita pelo iFood. Depois disso, o governo priorizou a discussão com os motoristas, que encontrava menos divergência na bancada dos trabalhadores. A empresa reforça que apoia desde 2021 a regulação do trabalho intermediado por plataformas e busca uma regulamentação para delivery que atenda as particularidades e necessidades diferentes dos motoristas, visando proteger os entregadores e preservar a sustentabilidade de seu ecossistema, que gera 873 mil postos de trabalho e atende 40 milhões de consumidores", afirma a empresa.

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