MERCOSUL

Lula diz que desenho do acordo Mercosul-UE ainda é 'insuficiente'

Presidente afirma que versão do texto acordada no governo Bolsonaro é "inaceitável" e que "nos tratava como se fôssemos seres inferiores"

Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante reunião com presidentes de países membros do Mercosul no Museu do Amanhã, no RioLuiz Inácio Lula da Silva, fala durante reunião com presidentes de países membros do Mercosul no Museu do Amanhã, no Rio - Foto: Mauro Pimentel/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta quinta-feira a falta de avanços nas negociações sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), mas afirmou que ainda não está satisfeito com o formato atual do tratado de livre comércio e classificou o desenho da parceria como "insuficiente".

- O texto (do acordo com a UE) que temos agora é mais equilibrado do que estava no governo anterior. Mesmo assim, é insuficiente. As resistências da Europa são muito grandes. Falta flexibilidade deles para entender que temos coisa para desenvolver, precisamos nos industrializar – afirmou Lula.

Ele participa da reunião de cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, no Rio. As tratativas do acordo entre Mercosul e União Europeia começaram em 1999. Já foram feitos avanços desde então mas ainda há pendências para fechar a parceria.

Lula disse que os compromissos acertados no governo de Jair Bolsonaro são "inaceitáveis":

- Herdamos uma versão desse acordo do governo passado, que era inaceitável, que nos tratava como se fôssemos seres inferiores (...) Eram inaceitáveis as palavras daquela carta adicional (do acordo com a UE). Depois, mudaram, mas não mudaram nada da questão industrial.

Ele destacou pontos sensíveis do acordo em torno dos quais ainda há divergências, como as compras governamentais.

Pelas regras negociadas e fechadas em 2019, estados, municípios e estatais estão fora do acordo de licitações governamentais entre dos dois blocos. Há exceções nas áreas de saúde e defesa.

Quem defende ajustes afirma que, especialmente em saúde, as exceções devem ser ampliadas, pois a oferta feita pelo Brasil em 2019 não levou em conta pontos importantes, como a pandemia de Covid-19.

Segundo Lula, já se conhecia “um pouco da posição da Argentina”, numa referência à transição política no país vizinho, e a posição da França, contra o acordo, é “pública”. Ainda assim, o presidente ressaltou que o presidente francês, Emmanuel Macron, “fez questão de dar entrevista” sobre o assunto.

Na COP 28, em Dubai, Macron se disse contra o acordo, alegando que ele não leva em conta a biodiversidade e as mudanças climáticas.

Lula disse no discurso de abertura da Cúpula do Mercosul que o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, com quem o presidente brasileiro se encontrou, em visita oficial, na volta da COP 28, teria ficado de “conversar com Macron para ver se conseguia flexibilizar o coração do francês”. Conforme o presidente, o líder a alemão não retornou para dizer se teve sucesso.

Lula também voltou a descartar preocupações dos europeus em relação a questões relacionadas à preservação do meio ambiente. Ele destacou a qualidade dos “sistemas de monitoramento” do Brasil e disse que “tratamos a questão ambiental com muita seriedade”. Reafirmou ainda o “compromisso público” de chegar ao “desmatamento zero” até 2030.

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