Lula diz que está chegando o momento de trocar Campos Neto
Semana foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo ao presidente do Banco Central
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir o tom contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao afirmar em entrevista nesta sexta-feira que vê o titular como um adversário "político, ideológico e do modelo de governança".
O presidente ainda falou que está chegando o momento de trocá-lo por outra pessoa, referindo-se ao fim do seu mandato como presidente do BC no final de 2024.
— O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu — disse Lula em entrevista à rádio maranhense Mirante News FM.
Leia também
• Minha Casa, Minha Vida: Lula anuncia R$ 194 milhões para construção de 1,3 mil casas no Piauí
• Lula sugere a beneficiária do Minha Casa, Minha Vida que "pare de ter filhos
• Justiça condena Lula e Boulos por propaganda antecipada
A semana foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo a Campos Neto. Nos últimos dias, Lula disse que o presidente do BC“tem lado” e não demonstra “capacidade de autonomia”.
— Está chegando o momento de trocar, vamos ter que tirar ele e colocar outra pessoa, e eu acho que as coisas vão voltar à normalidade, porque o Brasil é um país de muita confiabilidade. Esse nervosismo especulativo que está acontecendo não vai mexer com a seriedade da economia brasileira — completou Lula.
Na quinta-feira, Lula também lamentou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%.
A decisão do Copom acerca da manutenção da taxa básica de juros aconteceu na quarta-feira, 19. Mesmo os diretores indicados por Lula, que vem pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.
Na quarta-feira, antes da reunião do Copom, a tensão no mercado fez o dólar chegar a R$ 5,48. Mas a moeda acabou perdendo fôlego e fechou a R$ 5,44. Ainda assim, foi o maior patamar desde janeiro de 2023.
Com as falas de Lula, o dólar reverteu a queda registrada na abertura do pregão dessa quinta-feira, 20, e fechou o dia em R$ 5,46. Após o Copom anunciar sua decisão, especialistas acreditavam que a manutenção da taxa de juros em 10,50% daria alívio à moeda americana, que, nos últimos dias, vinha registrando altas consecutivas, acumulando valorização de mais de 12% no ano.
Críticas ao BC e a Campos Neto
Lula voltou a criticar a gestão do atual presidente da autoridade financeira, Roberto Campos Neto e a autonomia do Banco Central. Em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que estabeleceu que o presidente e diretores do BC terão mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes com o do Presidente da República.
Campos Neto tem mandato até o fim de 2024 e, no início do próximo ano, dará lugar a sucessor a ser indicado por Lula.