Banco Central

Lula diz que não pode 'ficar brigando' com Campos Neto, mas faz novas críticas ao presidente do BC

"Acho que ele não está fazendo o que deveria corretamente", afirma Lula

LulaLula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (28) que "não pode ficar brigando" com quem está na presidência do Banco Central (BC) porque a indicação foi feita no governo anterior. Ele renovou as críticas a Roberto Campos Neto, que comanda atualmente o BC.

- O presidente da República não pode ficar brigando com o presidente do Banco Central porque ele foi indicado pelo presidente anterior. Ele pensa ideologicamente como o governo anterior. Acho que ele não está fazendo o que deveria corretamente, mas ele tem um mandato e até dezembro ele é presidente - disse Lula à rádio FM O Tempo.

Lula está em Minas Gerais onde participa de anúncios de investimentos federais no estado. As declarações vieram no mesmo dia em que foi publicada uma entrevista de Campos Neto no jornal Valor Econômico. Nela, ele diz que críticas de Lula deixam o trabalho do BC "mais difícil".

Campos Neto é um alvo preferencial de Lula. O presidente tem feito repetidas críticas a sua gestão e o considera um adversário "político e ideológico".

Na entrevista desta sexta-feira, Lula voltou a afirmar que a atual Taxa Selic, em 10,5% ao ano, é "irreal para uma inflação de 4% (ao ano)".

- Mas não sou diretor do Banco Central. Isso vai melhorar quando puder indicar o presidente, que vai ao Senado, para construirmos uma nova filosofia.

O mandato de Campos termina em 31 de dezembro, e Lula vai indicar seu substituto, que tem de ser aprovado pelos senadores.

O presidente disse ainda que a escolha de seu governo pela manutenção da meta de inflação em 3%, a ser perseguida agora de forma contínua, ocorreu porque "a gente não quer brincar".

Hoje, a meta de inflação é definida e deve ser cumprida num intervalo de 12 meses, quando uma nova meta é determinada. Mas, a partir de 2025, não haverá um prazo específico para que seja alcançada, como ocorre nos EUA, por exemplo.

- Mantivemos a meta porque a gente não quer brincar. Não brigo com a inflação porque vivi inflação de 80% ao mês. Eu quero que a inflação não coma o salário do trabalhador.

Ele voltou a repetir que, durante seus primeiros dois mandatos (2003-2010), tinha o direito de trocar o presidente do Banco Central quando quisesse, mas não o fez, à época, com Henrique Meirelles.

Segundo o presidente, a alta do dólar nas últimas semanas está acontecendo porque "tem especulação com derivativos para valorizar o dólar e desvalorizar o real" e que "o Banco Central tem obrigação de investigar isso".

Lula lembrou ainda que o Brasil "tem um colchão de US$ 375 bilhões (de reservas internacionais), que ajudam a dar estabilidade à economia.

 

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