Lula diz que pediu mais tempo ao FMI para Argentina cumprir acordo, como havia prometido a Fernández
Presidente brasileiro também voltou a criticar uso do dólar como moeda padrão em transações internacionais
Em coletiva após a reunião do G7, grupo que reúne os países mais industrializados do mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter conversado com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, para que ela tivesse "compreensão" com a Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul. Os dois se encontraram no sábado.
O país sul-americano enfrenta uma grave crise econômica com a disparada do dólar, uma inflação em doze meses superior a 100% e a maior seca desde 1929. Por conta disso, não tem conseguido honrar com os pagamentos de empréstimos feitos junto ao FMI. Lula, como havia prometido ao colega argentino Alberto Fernández, pediu que o organismo dê mais tempo ao país vizinho.
— A Argentina é o nosso principal parceiro comercial na América do Sul. Eu conversei com a diretora do FMI sobre a situação da Argentina e pedi que ela tivesse compreensão porque, depois da pandemia, a Argentina enfrentou uma seca. Vamos dar um tempo para a Argentina se recuperar — disse o presidente a jornalistas em Hiroshima, Japão.
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No início de maio, Lula se encontrou com Fernandez no Palácio da Alvorada, em Brasília, para discutir a crise econômica no país vizinho. Na ocasião, o brasileiro se comprometeu a “conversar com o FMI para tirar a faca do pescoço da Argentina” e interceder pelo país em outros organismos internacionais, como o Banco dos Brics.
Moedas nacionais no comércio entre países
Depois do encontro, Lula também voltou a criticar a dolarização da economia mundial. Há cerca de um mês, na China, durante a posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco dos BRICs, Lula fez um discurso duro questionando a necessidade dos países em realizarem transações em dólar ao invés de usar suas próprias moedas.
Já em Hiroshima, no Japão, o presidente disse “sonhar” com a construção de uma moeda comum aos países que integram os BRICs. Além do Brasil, fazem parte do bloco Rússia, Índia, China e África do Sul.
Na avaliação de Lula, não é possível um país depender de uma moeda que não produz. Ele chegou a citar o euro como exemplo do que pretendia para o bloco de emergentes:
— Há muito tempo tenho dito que era pra gente criar condições para criar moedas entre os países. Não é possível ficar dependendo de dólar para fazer comércio exterior, dependendo de uma moeda que você não produz. O problema muitas vezes é que o pequeno empresário não confia na moeda do próprio país, então prefere vender em dólar. Eu sonho com a construção de várias moedas entre outros países que façam comércio, que os Brics tenham uma moeda. Como o euro — disse o presidente.