Lula diz que vai discutir gastos com Haddad, mas veta corte em despesas sociais
Presidente Lula diz que ouvirá proposta de ministro da Fazenda sobre Orçamento do ano que vem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que irá discutir uma revisão de gastos do governo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nos próximos dias, mas ponderou que não irá fazer ajuste fiscal "em cima dos pobres".
"O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da república, porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e desligado por mim. Se o Haddad tiver uma proposta, ele vai me procurar essa semana e vai discutir economia comigo" afirmou o presidente em coletiva de imprensa na Itália onde participa de agenda na Cúpula do G7.
Lula também criticou parlamentares que criticam o déficit fiscal e são detalhados a manutenção da desoneração da folha de pagamento de 17 setores empresariais.
Leia também
• Governo Lula diz ser contra PL do aborto; STF vai esperar Congresso
• Juíza nega indenização à família de Lula por divulgação de grampo de Marisa
• Lula diz no G7 que Putin precisa ser incluído em cúpula de paz e critica "vingança" de Israel
— A gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres, porque os que ficam criticando o déficit fiscal, os que ficam criticando os gastos do governo são os mesmos que foram pro Senado aprovar a desoneração de 17 grupos empresariais, são os mesmos, e que trabalharam de fazer uma compensação pra suprir dinheiro da desoneração e não quiseram fazer. Falei para o Haddad, que não é mais problema do governo, problema agora é deles.
Nesta semana, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) entregou ontem ao Executivo uma Medida Provisória que limita o crédito de PIS/Cofins para empresas após ocorrência negativa entre parlamentares e empresários. Foi a primeira vez no atual mandato do presidente Lula que o Legislativo rejeitou uma medida provisória. A Fazenda argumentou que a MP é necessária para compensar a desoneração da folha de 17 setores e de municípios.
"A decisão do STF diz que se dentro de 45 dias não tiver acordo, é válido o meu veto, aí não vai ter desoneração. Então agora os empresários se reuniram, discutiram e apresentaram ao ministro da Fazenda uma proposta de compensação" afirmou.
Lula foi questionado sobre o debate que discute uma mudança nas regras constitucionais que preveem pisos de gastos com saúde e educação. Uma nova regra para corrigir os gastos nestas duas áreas, se adotada, poderia uma folga de R$ 190 bilhões nas despesas discricionárias do governo ao longo dos próximos dez anos.
"Agora pense que nós temos que piorar a saúde, que temos piorar a educação para melhorar. Isso é feito há 500 anos no Brasil, há 500 anos o povo pobre não participava do orçamento" disse Lula.
O presidente afirmou que pediu ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma reunião para discutir orçamento do governo:
— Antes de sair eu pedi para Rui Costa preparar uma reunião do conselho orçamentário para a semana que vem, eu quero fazer uma discussão sobre o orçamento e quero discutir os gastos. O que muita gente acha que é gasto, eu acho que é investimento.