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COMÉRCIO INTERNACIONAL

Lula pedirá a premier do Japão abertura para a carne bovina brasileira

Fumio Kishida fará visita oficial de dois dias ao Brasil

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer aproveitar o encontro que terá, na sexta-feira (3), com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, para pedir a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira. O Brasil tenta, sem sucesso, chegar a um acordo com o governo do país desde 2005.

Atualmente, o Japão importa 70% da carne bovina que consome, algo em torno de US$ 4 bilhões por ano. Desse total, 80% são fornecidos apenas por Estados Unidos e Austrália.

Segundo Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, o Japão passa por um período de inflação alta, pelos padrões do país, de 8%. Ele ressaltou que, mesmo que o Brasil entre no Japão com a carne tributada em 40% — alíquota que os outros dois fornecedores não pagam — o produto teria preço competitivo.

— A abertura do mercado para o Brasil poderia ajudar na redução da inflação — disse Saboia.

O diplomata acrescentou que Lula também pedirá a ampliação do mercado japonês para a carne suína brasileira. Hoje, apenas o produto de Santa Catarina pode ser exportado para o Japão.

Roteiro da visita
A convite do presidente brasileiro, Fumio Kishida fará uma visita oficial de dois dias ao Brasil. O premier será recebido por Lula, na sexta-feira e, no sábado, dia 4, viajará a São Paulo, para encontros com membros da comunidade nipo-brasileira e com empresários dos dois países.

Lula e Kishida terão uma reunião no Palácio do Planalto, prevista para começar às 9h30, seguida por uma cerimônia de assinatura de atos e um almoço no Itamaraty. Durante a conversa, os líderes abordarão tópicos da agenda bilateral, como elevação dos fluxos de comércio e investimentos; temas consulares; ciência, tecnologia & inovação; parceria em transição energética; e cooperação em iniciativas ambientais.

No contexto da presidência brasileira do G20, os líderes devem discutir as iniciativas de combate à fome e à pobreza; mudança do clima à luz da COP30 em Belém (2025); e reforma da governança internacional incluindo a ONU, além de tópicos relacionados à paz, segurança e desarmamento.

O Japão foi o primeiro país asiático a participar do Fundo Amazônia, com a doação de US$ 14 milhões. O país deve colaborar com o programa de recuperação de áreas degradadas do cerrado.

— Ainda é pouco. Queremos mais do que isso — afirmou Saboia.

Empresários e descendentes
Em São Paulo, no dia 4, o chefe de governo japonês realizará atividades junto à comunidade nipo-brasileira, com compromissos nas esferas acadêmica e cultural. Também participará, ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, do Fórum Empresarial Brasil-Japão.

O Brasil conta com a maior população nipo-descendente fora do Japão, estimada em mais de 2 milhões de pessoas. Já o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 211 mil nacionais.

Lula visitou o Japão maio do ano passado, quando participou, como convidado do governo japonês, da Cúpula do G7 (grupo formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), em Hiroshima. À margem do evento, o presidente brasileiro e o premier japonês firmaram uma acordo de isenção de vistos para visitas de até 90 dias, vigente desde setembro de 2023.

Em 2023, o Japão foi o segundo parceiro comercial do Brasil na Ásia e o nono no mundo, com intercâmbio comercial de US$ 11,7 bilhões e superávit brasileiro de US$ 1,491 bilhão. O Japão ocupa a posição de oitavo maior investidor externo no Brasil pelo critério de controlador final, com estoque de cerca de US$ 28,5 bilhões.

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