Lula questiona privatização da BR: "Q que melhorou para o consumidor?"
Durante a reinauguração do antigo Comperj, presidente também criticou quem defende a venda da Petrobras pelo fato de a empresa produzir combustível fóssil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou a privatização da BR distribuidora e criticou quem defende privatizar a Petrobras sob alegação de que a estatal deve ser vendida porque tem como atividade-fim a exploração de um combustível fóssil.
Ele também condenou a privatização da Vale e da Eletrobras.
– O que melhorou para o consumidor com a venda da BR? O combustível ficou mais barato? Eles passaram a entregar (combustível) nas nossas casas? Eles se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobras.
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Hoje, quem controla a BR é a Vibra da BR. Lula também questionou que melhorias foram trazidas aos consumidores com a privatização da Vale, em 1997, da Eletrobras, em 2022. E ressaltou que a Petrobras é mais que uma empresa de petróleo.
– O dia que acabar o petróleo, a Petrobras será a maior produtora de biocombustível, etanol e hidrogênio verde. Ela é muito mais do que uma indústria de óleo, é uma indústria de energia – disse o presidente.
Lula falou durante cerimônia de inauguração do Complexo de Energias Boaventura, novo nome dado ao que sobrou do Comperj, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio.
No último dia 6, a Petrobras recebeu da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ( ANP) a autorização para processar na unidade o gás natural produzido em campos do pré-sal da Bacia de Santos.
Também participaram do evento o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
No lugar do complexo petroquímico originalmente planejado – que previa o processamento de 150 mil barris de petróleo por dia e geração de 200 mil empregos diretos e indiretos –, o empreendimento agora vai se dedicar apenas a processar o gás natural dos campos do pré-sal.
O combustível será trazido por um gasoduto de 355 quilômetros de extensão, a maior parte submarina, mas com ampliações previstas.
Mesmo com o escopo reduzido, a finalização da construção das unidades de processamento de gás (UPGNs) e da chamada Rota 3 (um dos trechos da rede de gasodutos submarinos que escoa a produção em alto-mar) terão o efeito de ampliar a oferta de gás natural e GLP no mercado nacional.
Segundo a Petrobras, as estruturas têm capacidade de escoar até 18 milhões de metros cúbicos e processar até 21 milhões de metros cúbicos de gás diariamente.
O início das operações está previsto para a primeira quinzena de outubro, com a atuação de 600 profissionais, entre próprios e terceirizados.
Outros 10 mil postos são previstos com a construção de unidades de produção de combustíveis com baixo teor de enxofre e lubrificantes. As obras são previstas para o ano que vem.
De aposta bilionária a Lava-Jato
Antes chamada de Polo GasLub Itaboraí, a unidade passa agora a se chamar Complexo de Energias Boaventura, em homenagem ao Convento São Boaventura, localizado dentro da unidade e considerado umas das primeiras construções da região conhecida hoje como o município de Itaboraí.
As ruínas do convento foram conservadas pela companhia.
Num projeto bilionário, as obras do Comperj começaram em 2008, mas foram paralisadas em 2015, e tinha como objetivo atrair fábricas de plástico para a cidade de Itaboraí.
A construção do complexo foi destaque entre os casos de corrupção envolvendo a Petrobras, revelados pela Operação Lava-Jato, a partir de março de 2014.
Desde 2008, a petroleira já contabilizou prejuízo de ao menos US$ 14 bilhões com o projeto, fruto de pagamento de propinas, obras superfaturadas e mudanças no projeto.