aliança

Lula se encontra com Fernández: crédito à exportação e construção de gasoduto

Brasil estuda linha de financiamento à Argentina, que pedirá ajuda também para construir uma ligação entre o Vaca Muerta e o território brasileiro, como alternativa ao gás boliviano

Presidentes do Brasil e da Argentina, Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández, apertam as mãos durante reunião bilateral na Casa Rosada Presidentes do Brasil e da Argentina, Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández, apertam as mãos durante reunião bilateral na Casa Rosada  - Foto: Luis Robayo/AFP

Pouco mais de três meses após se reunirem em Buenos Aires, quando se comprometeram a relançar uma aliança estratégica interrompida no governo anterior, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o argentino Alberto Fernández terão um novo encontro nesta terça-feira (2), no fim da tarde, no Palácio da Alvorada.

Em meio a uma grave crise política e econômica, sem dólares para importar produtos essenciais para a indústria, com a imagem comprometida perante bancos privados internacionais e diante da maior seca enfrentada pelos agricultores desde 1929, Fernández pedirá ajuda a Lula para fortalecer o comércio bilateral.

Outro plano de interesse do presidente argentino é a parceria na construção de um gasoduto, que sairia de Vaca Muerta, na Argentina, até o Brasil. O trecho, que poderá ser financiado em parte pelo BNDES, serviria de alternativa, para os brasileiros, ao gás boliviano. Mas não há consenso na área econômica do governo Lula sobre a participação do banco de fomento no projeto.

Segundo um interlocutor com conhecimento do assunto, se dependesse de Fernández, o Brasil financiaria pelo menos US$ 1,5 bilhão por mês, durante um período determinado — fala-se em seis meses — a exportação de insumos industriais para o país vizinho. O dinheiro seria liberado pelo BNDES, que precisaria do aval do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), administrado pelo Ministério da Fazenda. Isto porque, em caso de não pagamento pelo governo argentino, o banco brasileiro não teria prejuízo, pois o fundo cobriria.

Tudo indica que o presidente argentino — que estará acompanhado de ministros da área econômica de seu governo — não deixará Brasília de mãos vazias. Em entrevista à GloboNews, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, revelou que o Brasil vai propor uma linha de crédito para financiar exportações para a Argentina.

Existe a expectativa de o BNDES ser o escolhido. A questão é que esse tipo de operação, usada para financiar exportações de serviços realizados por empreiteiras brasileiras em Cuba e na Venezuela, durante os primeiros mandatos de Lula, até hoje é largamente criticado pela oposição.

Procurado pelo Globo, para que comentasse que resultados o governo argentino espera da reunião entre os dois presidentes, o embaixador da Argentina em Brasília, Daniel Scioli, não entrou em detalhes. Disse que Lula e Fernández devem revisitar os acordos assinados em 23 de janeiro último, durante o encontro dos dois mandatários em Buenos Aires, e buscar formas de melhorar o intercâmbio bilateral.

"Estamos olhando diferentes alternativas para promover o comércio bilateral" afirmou Scioli.

A balança comercial entre os dois países é favorável ao Brasil. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil teve um superávit de quase US$ 1 bilhão com a Argentina. Os principais produtos exportados para os vizinhos foram autopeças, automóveis, soja e siderúrgicos. Já os itens argentinos que lideraram a lista de importações foram veículos utilitários, automóveis, trigo e petróleo.

Os indicadores econômicos na Argentina estão cada vez piores. A inflação está acima de 100% ao ano e o peso não para de desvalorizar em relação ao dólar. Sob pressão e sem saída para a crise que aflige há anos a Argentina, Fernández anunciou, há cerca de dez dias, que não será mais candidato à eleição presidencial que acontecerá em outubro deste ano em seu país.

Veja também

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed

Nova Lei Geral do Turismo garante R$ 6 bi em investimentos para aviação
Setor aéreo

Nova Lei Geral do Turismo garante R$ 6 bi em investimentos para aviação

Newsletter